Estufas antigas e modernas

Coberturas de vidro começaram a ser utilizadas em estufas e atualmente compõem obras arrojadas e modernas por todo o mundo

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Serres1-(3)É fato comum que shopping centers utilizem muito vidro, inclusive nas paredes e coberturas. Tal prática proporciona muito conforto aos frequentadores, além de satisfação pelo requinte e beleza desses locais. Poucos sabem, entretanto, que essa tendência foi iniciada pouco depois do desenvolvimento da indústria do vidro, com a montagem de estufas para plantas.

A produção de estufas com vidros é uma prática antiga, que acompanha a invenção do vidro até os dias de hoje. Estufas são lugares com o objetivo de acumular e conter o calor no seu interior, mantendo assim uma temperatura interna maior no seu interior que ao seu redor.

Numa estufa onde a fonte de calor é o Sol, normalmente utilizado para cultivar plantas, o aquecimento dá-se essencialmente porque a convecção é suprimida. Nesse tipo de estufa, normalmente feita de vidro transparente, não há troca de ar entre o interior e o exterior – sendo assim, a energia que entra pela radiação solar aquece o ambiente interno e não é perdida com as correntes ascendentes, que dissipariam o calor.

Disputa entre ingleses e franceses

As enormes estruturas montadas no período vitoriano inspiraram a utilização dos vidros na cobertura dos edifícios. crystal-palace-02-gtyEm 1851, a rainha Victoria e seu marido, o príncipe Albert, inauguraram com grande pompa no Hyde Park a “Grande Exposição Mundial dos Produtos da Indústria”, no espetacular Palácio de Cristal, construído especialmente para a ocasião. O sucesso foi enorme, reunindo 14 mil visitantes, uma escala inédita até então.

Para rivalizar com o evento inglês os franceses realizaram, quatro anos depois, a “Exposição Universal de Produtos da Agricultura, da Indústria e das Belas Artes”, construindo o Palácio da Indústria, um retângulo com 234 metros de comprimento coberto por telhado de vidros fornecidos pela Saint-Gobain.

Os tetos de vidros foram, então, associados a glamour e ostentação, e a disseminação dessa utilização propiciou a criação do vidro aramado,Kristallpalast_Sydenham_1851_aussen para garantir a segurança dos frequentadores.

Mais tarde surgiriam os shopping centers com suas coberturas de vidro, que permanecem até hoje; porém, com utilização de vidros de controle solar e sistema de ar condicionado para controle total da temperatura interna. Além da preocupação com o bloqueio da radiação solar, os vidros modernos são laminados – evitando que, em caso de quebra, soltem-se de suas estruturas com risco de ferir os usuários.

Shoppings no Brasil

A história dos centros comerciais no Brasil começa Batel11com a dúvida sobre qual teria sido o primeiro a se instalar no país: se o Shopping Iguatemi (SP) ou o Shopping do Méier (RJ). O Centro Comercial Iguatemi foi inaugurado em 1966 e o Centro Comercial do Méier foi aberto ao público em 1965; entretanto, muito se questiona a respeito de qual possuía verdadeira característica de centro comercial. A Associação Brasileira de Centros Comerciais (Abrasce) considera o Centro Comercial Iguatemi como o primeiro.

O maior grupo de centros comerciais do país é a BRMalls Participações, uma holding e a maior empresa integrada de centros comerciais do Brasil. Seu portfólio é composto por participação em 50 centros comerciais, o que totaliza 1.729,6 mil m² de área bruta locável.

Valquíria Padilha, professora da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP de Ribeirão Preto, afirma que os proprietários de centros comerciais são normalmente grandes grupos de investidores, holdings ou construtoras. Para dar um exemplo, o Shopping Parque Dom Pedro, de Campinas (SP), pertence a um grupo português chamado Sonae, holding da área de telecomunicações, internet e multimídia. Essa tendência essa também presente nos Estados Unidos, como o que acontece com o Simon Property Group, que possui cerca de 290 centros comerciais naquele país e dezenas na Europa, Japão, Porto Rico e México. No Brasil, os centros comerciais foram construídos exatamente como nos EUA.

A segurança, a facilidade de encontrar tudo no mesmo lugar e a ideia de modernidade e progresso aliada ao centro comercial foram os maiores atrativos para os brasileiros elegê-lo como lugar privilegiado para compras e lazer. Segundo a Abrasce, o panorama do setor de shopping centers no Brasil atual é o seguinte:

• Número total de shopping centers: 546
• A inaugurar ainda este ano: 21
• Área bruta locável (em milhões de m2): 14,976
• Área construída (em milhões de m2): 35,14
• Total de lojas: 100.178
• Salas de cinema: 2.633
• Empregos gerados: 1.053.574

Vidros em shoppings

Sempre que um shopping está sendo reformado ou prestes a ser inaugurado, é comum a presença 2016_Loja-de-vidro_HIFI_270116_037de vidraceiros varando a noite para a instalação de vitrines de vidro temperado, balcões, prateleiras e espelhos. Muitos destes ficam imaginando quando pegarão um shopping completo para realizar.

As fachadas e coberturas, entretanto, são contratadas geralmente de empresas especializadas, sendo que um simples detalhe pode determinar o sucesso do negócio. A Engevidros de Curitiba, por exemplo, destacou-se por muitos anos no quadro de empresas que mais consumiam vidros laminados do Brasil. Curiosamente ela não atuava como distribuidora, apenas consumia o vidro que instalava. O segredo do sucesso foi a criação do sistema Slylight de coberturas com vidro, que impedia o gotejamento da água formada pela condensação. Devido a esse diferencial competitivo, tornou-se por muitos anos a empresa que mais realizava coberturas no Brasil. A empresa se dividiu em duas por desentendimento dos sócios e foi criada há cerca de oito anos a Hedron, que comercializa atualmente uma solução similar.

Novas tecnologias

Geralmente são nos shopping centers que as novas tecnologias DJI_0016de envidraçamento são testadas na prática e passam a ser utilizadas. E uma tendência atual é a utilização de vidros suportados por estruturas de vidro.

Uma dessas novas tecnologias é o prisma de vidro dentro de um shopping no Rio de Janeiro, com estrutura similar à do renomado cubo de vidro da loja Apple, em Nova York (EUA). A empresa Inovention do Brasil usou cerca de 1.000 m2 do vidro Diamant, o extra transparente fabricado pela Cebrace, na criação de uma loja impactante, moderna e inovadora dentro do Bossa Nova Mall.

As peças de fixação ficam praticamente invisíveis no prisma de vidro, valorizando a ideia original de transparência, leveza e modernidade. Para garantir a segurança e a sustentação, a empresa utilizou vidros Diamant temperados e laminados 8+8 mm com interlayer SentryGlass aplicados na fachada e no teto. Para os “pilares” de vidro da estrutura que sustenta o cubo, foram usados Extra Clear Diamant temperados e laminados 8+8+8 mm também com SentryGlass.

Entre vários participantes que colaboraram com o projeto, a obra teve a participação do engenheiro Raimundo Calixto, da RCM Estruturas Metálicas. Sua empresa tem participação também em dois outros shoppings que utilizaram o vidro de forma arrojada: Batel (Curitiba) e, mais recentemente, Nova Iguaçu (Rio de Janeiro).

 

 

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