ABAIXO OS AUTOINTITULADOS PROFESSORES

Infelizmente, hoje, no Brasil, muita gente se auto intitulando Professor do Vidro, promovendo cursos relâmpagos que não dão ao aluno a devida competência para exercer tal cargo. Vejo estes cursos de forma muito ruim para o mercado. Além de cursos de um ou dois dias — tempo muito curto para formação de vidraceiros —, oferecem um diploma bonito e ilusório, para que os aprendizes o mostrem aos seus clientes como um referencial de qualidade e capacidade.

Creio que, a maioria dos ditos “Professores do Vidro”, não têm a menor condição de exercer esta função. O que, além de ser muito ruim para o mercado vidreiro, aumenta a quantidade de vidraceiros sem qualificação, fazendo com que um produto nobre, bonito, versátil e de uso quase que infinito seja utilizado de forma errada, colocando vidas em risco e denegrindo a imagem do vidro.

É triste, mas real! A cada dia aparecem novos professores que, aparentemente, nunca estudaram corretamente o material. A maioria sequer conhecia normas há dois ou três anos. Ensinam sem uma didática correta ou aval de algum órgão competente, com cargas horárias que não permitem aprender quase nada.

Os alunos saem destes cursos direto para o mercado. E assim, passam a ser um novo concorrente da qualidade, levando apenas preço para os consumidores que não têm o conhecimento e a informação correta, sendo camuflados pelos diplomas entregues nestes cursos.

O pior de tudo é que indústrias, distribuidores, atacadistas e outros, apoiam estes educadores como forma apenas de divulgar seus produtos e abocanharem novos clientes, não tendo a menor preocupação com o conteúdo.

Seria interessante se, a mudança deste quadro partisse de cima. Iniciando pelas usinas (fabricantes de vidro) que não fazem quase nada para que estas informações cheguem de forma correta para o vidraceiro — o primeiro elo entre a indústria e o consumidor.

Os fabricantes fazem apenas eventos de divulgação de produtos ou novos lançamentos, sempre direcionados aos arquitetos e especificadores, com o intuito único de que seu produto seja apontado. Mas nunca focam estes eventos em informar corretamente a aplicação do produto, abordar normas —exemplificando erros comuns cometidos por alguns vendedores e instaladores diplomados, muitas vezes, por estes cursos—, mostrar cases etc.

Fazer isto, em parceria com os distribuidores, já seria um grande passo para que arquitetos e especificadores ficassem mais atentos ao indicar produtos e exigir sua aplicação correta e dentro das normas.

Algumas associações estão preocupando-se em tentar qualificar este segmento de mão de obra, mas é muito difícil. A mentalidade de alguns ainda permanece no imediatismo, no favorecimento de poucos, na ideia de tirar proveito da falta de qualificação profissional e, também, dos que lutam para que estas informações cheguem de forma correta e clara para os vidraceiros. Fazem muito pouco em prol do desenvolvimento e profissionalização do ramo vidreiro, não há planejamento e ações que promovam o contínuo crescimento, fortalecimento e especialização da mão de obra para o produto que eles mesmos colocam no mercado.

Saber identificar os legítimos interesses dos vidraceiros e vidraçarias, ser o elo entre os fabricantes, fornecedores e especificadores, qualificar gestores e suas equipes de colaboradores, criar benefícios, promover eventos culturais e sociais são algumas sugestões que deixo para os fabricantes e distribuidores. Precisamos achar um meio que seja produtivo e bom para toda a rede, não deixando margem para a informalidade e incompetência denegrirem o nosso produto com serviços fora das normas, colocando em risco os usuários e fazendo com que deixe de ser um produto bonito, elegante, nobre e muito seguro, se instalado corretamente.

Juntos poderemos trabalhar para que os erros cometidos por vidraceiros, vidraçarias, fabricantes, distribuidores etc. com produtos em desacordo com as normas e procedimentos comerciais que prejudicam toda a rede vidreira, possam ser ajustados, de forma que, não se tenha prejuízo em nenhuma das partes envolvidas.

Sabemos das fragilidades e competências, assim como conhecemos nossa capacidade de reverter esta situação. Já sofremos muito com o descaso das usinas, beneficiadores e distribuidores; não podemos mais aceitar este sofrimento, precisamos agir com firmeza, inteligência, calma e competência. Só assim conseguiremos fazer com que nosso segmento continue em crescimento, sem afetar nenhum elo da produção do vidro.

 

“São os vidraceiros, a parte mais importante do segmento: é através do trabalho deles que o consumidor final se relaciona com a indústria.”



Vejam que as têmperas estão virando uma grande vidraçaria com forno e a maioria delas não têm o perfil de instalador. E aí vem o grande problema: indicam vidraceiros avulsos sem a menor qualificação para fazer o serviço.

Vejam também que os distribuidores de ferragens e alumínios já estão pensando em instalar fornos para competir e não saírem do mercado. São lojas independentes de distribuição de temperados, e até lojas dos próprios temperadores fazendo o atendimento direto, na informalidade, aos consumidores finais, com preços de vidraceiros e, quando não, com uma pequena diferença que não permita a concorrência.

São os vidraceiros, a parte mais importante do segmento: é através do trabalho deles que o consumidor final se relaciona com a indústria. É muito importante que todos os elos da cadeia sejam respeitados, para que todos tenham condições de realizar seus trabalhos.

É importante alertar que, este braço da comercialização do vidro deve ser qualificado, para manter o crescimento e fazer com que nosso consumo por pessoa esteja próximo de outros países. As indústrias precisam encarar a seguinte realidade: enquanto tivermos mão de obra desqualificada, o consumo vai ser muito baixo e os produtos com valores agregados vão continuar sendo consumidos abaixo das expectativas.

 

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