PROTEJA A VIDA NA MONTAGEM DE GUARDA-CORPOS

Diversas normas abordam conjuntamente esse item de segurança, que é composto de várias partes

Foto divulgação Refilar Esquadrias

O NOME “GUARDA-CORPO” define bem a função deste tipo de instalação. E o instalador deve se conscientizar da responsabilidade que está assumindo em proteger ou guardar os “corpos de pessoas” do risco de quedas traumáticas. Por desinformação ou mesmo por desleixo inconsequente, alguns instaladores não obedecem às normas, não dando a devida atenção à distância correta dos vãos ou, fato mais comum, utilizando vidros comuns ou temperados nas instalações desse item acima do primeiro piso.
Em uma construção, quando se pensa em elementos estruturais e de segurança, a discussão gira principalmente em volta de pilares, vigas e lajes. Na prática o guarda-corpo fica, na maioria dos casos, como elemento secundário. Na realidade, esse item deveria ser pensado de forma diferente por se tratar de um elemento de segurança em contato constante com os usuários.
Nesta edição abordaremos alguns cuidados que devem ser observados quando se pretende instalar um guarda-corpo de vidro. Para discutir essa questão, juntamos o seguinte time de especialistas em vidros e estruturas:

Carlos Aldiran – arquiteto e gestor comercial da Hartbau, o mesmo que fez a Casa de Vidro em parceria com a Revista Tecnologia & Vidro. No seu currículo existem diversas obras de vidro e estrutura metálicas executadas.

Raimundo Calixto – engenheiro calculista, diretor da RCM Estruturas Metálicas, com diversas estruturas envidraçadas em seu currículo, coberturas de shoppings, fachadas, normalmente trazendo inovações do ponto de vista estrutural.

Rivônio Cordeiro – consultor de esquadrias, pesquisador e diretor da Refi lar, com diversas obras executadas com vidros e esquadrias.

SEPARANDO OS ITENS

Existem vários elementos necessários para uma instalação de guarda-corpos segura. Iremos separar os itens em três para podermos visualizar isoladamente cada elemento e sua importância.

1- ANCORAGEM– Existe uma grande variedade de técnicas e opções. Devido a isso, e também pela importância desse tema, iremos abordá-lo mais detalhadamente em nossa próxima edição.

2- ESTRUTURA – pode ser feita através de montantes e pontaletes, também conhecidos como colunas, balaústres ou torres, e inclui o corrimão. Neste caso, a responsabilidade estrutural fica a cargo do material  escolhido para servir de montante: seja madeira, aço, alumínio ou outros.

3- PAINÉIS DE FECHAMENTO – Nesta categoria está o vidro, que tem como função básica o fechamento dos vãos, evitando que, em caso de acidente, o usuário atravesse o guarda-corpo. Em pisos térreos o guarda-corpo pode ser composto por vidros temperados. Já em instalações acima do primeiro piso, incluindo degraus de escadas, este deve utilizar vidro laminado (quando emoldurado) ou laminado de temperados (quando sustentado por furação e aperto).

TIPOS DE FIXAÇÃO

No caso do painel de fechamento de vidro ser sustentado em furação e aperto é necessária a utilização de laminados de temperados, com espessura mínima de 16 mm, sendo 8 mm + 8 mm somados à espessura do intercalador (interlayer).
Geralmente é criado um suporte metálico que é embutido (ou não) no piso. Este suporte pode ser adquirido em empresa especializadas ou fabricado especificamente para a obra em questão. Para isso faz-se necessária a contratação de projeto de cálculo através de empresa ou profissional especializado.
Outra questão a ter muito cuidado é com a base onde se vai instalar o suporte metálico. Se for na borda de um degrau, por exemplo, deverá existir uma distância mínima da borda para evitar uma possível rachadura – o que tornaria o conjunto instável.
No caso de suportes metálicos de sobrepor, o ideal é exigir do fornecedor os testes de cargas seguindo as normas vigentes de guarda-corpo.

ATENÇÃO À QUALIDADE DOS VIDROS

O isolamento entre vidro e material metálico (alumínio, aço carbono ou aço inox) deve ser bem observado, pois pode ser um grande problema se não for feito de maneira adequada.
Na fixação com furos relatamos a seguir uma questão comum, que é o desencontro dos furos no processo de laminação – principalmente de laminado de temperados. Trata-se de um prenúncio de problemas. Porém, como o vidro sempre está no final da obra e deve ser entregue, muitos instaladores seguem com a instalação da forma que está.

22.1.1

Quando se faz um vidro laminado, o fabricante pode não se atentar para a necessidade de alinhar os furos, deixando uma espécie de degrau justamente no ponto que deverá entrar em contato com o parafuso.
Esse é um ponto vulnerável. Veja na imagem que o parafuso toca só em um dos dois vidros laminados, desequilibrando a carga total. Portanto, é importante que os furos estejam o mais alinhado possível para evitar quebras na borda interna do vidro.

PARAFUSOS ESTREITOS

Para melhorar o tempo de instalação e economizar dinheiro, vemos em muitas obras que alguns instaladores utilizam parafusos estreitos demais (fi nos demais); deixam sobrar espaço entre a fixação e o vidro. Enquanto isso, a fixação já foi calculada e essa decisão na obra poderá trazer problemas futuros.

No exterior existem muitos estudos sobre a tensão superficial nos furos. Universidades de diversos países têm trabalhado muito nisso para complemento das normas técnicas que falam quase nada sobre as questões de furos. Alguns deles, entretanto, apontam que as tensões superficiais dos furos podem ser diminuídas se tiver todo o furo preenchido. Por vezes os instaladores não entendem por que as fissuras surgem horizontalmente ao furo. A explicação de um dos estudos indica que, com sobrepeso concentrado em um ponto estreito de parafuso, os furos tentem a ficar oblongados; como o vidro não estica, normalmente as fissuras são laterais – daí a importância de ter um parafuso adequado, assim como utilizar material apropriado que separe o vidro do parafuso.
Desenhamos as imagens abaixo para que as pessoas compreendam esse fenômeno.


Além do separador interno (parafuso e furo) é importante haver um isolamento na superfície do lado externo do vidro com as proteções que existem nos parafusos. Sem essa proteção existe o toque no vidro com alguma parte metálica, o que traz pontos suscetíveis à quebra na superfície do vidro.

ESCADAS DE VIDRO

Uma questão frequente nas escadas de vidro acontece quando é sempre posto o primeiro vidro inferior e o instalador vai subindo nas instalações, com cada vidro apoiando no vidro abaixo. Normalmente vai apoiando pontualmente.
Se existisse uma forma de distribuir os pesos dos vidros evitaria-se uma força imensa nos furos; daí existe uma frequência imensa de quebra nas instalações nos vidros inferiores.
Na figura mostramos que o desenho de fabricação estando errado pode ocasionar um problema de sobrecarga dos furos do primeiro vidro e, por consequência, as quebras. É frequente donos de escadas com guarda-corpos de vidro sempre pontuarem que o primeiro vidro “quebra mais”.

CONCLUSÕES

Esses pontos listados acima são pontos vistos e não comentados nos meios de comunicação como estamos trazendo aqui. Nossa intenção é mostrar aos transformadores que devem procurar evitar desencontro de furos e bordas nos vidros laminados ou laminados de temperados. Aos instaladores alertamos para que procurem fazer a melhor instalação possível, sem forçar bordas ou peças únicas. Por fim, que os responsáveis pela elaboração de normas para o setor tragam estudos feitos no exterior para melhorar e qualificar ainda mais nosso mercado. T&V

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