Medição a laser

Quais as vantagens e desvantagens da trena e do nível a laser para o vidreiro?

nivel bosch gll 2-50

Neste ano de 2010, a ciência comemora os 50 anos de criação do laser. O laser é um feixe de luz concentrado obtido da multiplicação da luz através de radiação. O conceito já era previsto por Albert Einstein desde os anos 20, mas foi posto em prática apenas após a Segunda Guerra Mundial. Finalmente descoberto em 1960, o laser encontrou aplicações diversas na medicina, telecomunicações, na indústria e na construção civil, incluindo ferramentas de trabalho – neste caso, substituindo os objetos de aferição pelo feixe de luz.

As primeiras trenas eletrônicas surgiram por volta dos anos 90. Ainda não utilizavam laser, mas, sim, emissão de ultrassom. O sistema, no entanto, era ineficiente, por sofrer com qualquer interferência menor que estivesse entre os pontos em que se desejava medir. Foi na virada do século que os primeiros aparelhos de medição a laser apareceram no mercado – e não tardaram a chegar ao país. Os níveis e prumos laser vieram algum tempo depois, acompanhando a aceitação da trena eletrônica no mercado. Ironia ou não, hoje os níveis laser são melhor aceitos no setor vidreiro do que a trena com essa tecnologia.

Investir em uma nova ferramenta de trabalho gera muitas dúvidas sobre a sua real relação custo/benefício, principalmente quando se trata de algo relacionado à eletrônica. Algumas vidraçarias já vêm utilizando trenas e níveis a laser com bons resultados para a sua produtividade. Por outro lado, já há quem tenha experimentado e não gostado, achando os equipamentos “analógicos” mais confiáveis. Ao mesmo tempo, em uma pesquisa informal, a reportagem da Tecnologia & Vidro pôde apurar que pelo menos 50% das vidraçarias consultadas sequer conhecem os produtos, mas ficaram curiosas. Portanto, vamos aos esclarecimentos.

trena_boschAgilidade x Precisão
É bom explicar que há modelos de trenas e níveis laser no mercado que são ultrasofisticados e caros, destinados a arquitetos e engenheiros civis, e que não são viáveis ou sequer úteis para o trabalho do vidreiro. Vamos falar somente dos aspectos com relação aos modelos mais simples. Começando pelas trenas.

A grande vantagem da medição de distância a laser é a velocidade do resultado e a praticidade. É possível aferir ambientes muito mais rapidamente do que com a trena comum, em que é necessário esticá-la entre os dois pontos. Além disso, a maioria dos modelos pode realizar cálculos simples ou de área e volume, e armazena medições, o que pode evitar retrabalhos desnecessários.

Os vidraceiros entrevistados que estão nivel_dewalt_dw_087kutilizando a ferramenta com laser no dia a dia elogiam a facilidade com que conseguem medir o espaço e a economia de tempo em todo o trabalho, principalmente no processo de orçamento e medição final.

No entanto, as trenas laser sofrem resistência de alguns vidraceiros pela margem de erro. A maioria dos modelos avisam que podem variar sua medição entre 2 e 3mm, para mais ou para menos – o que alguns profissionais do vidro consideram intolerável para o trabalho. Dos vidraceiros entrevistados que já trabalharam, ou pelo menos experimentaram a trena laser e hoje não utilizam o produto, 15% descartaram-no por considerar que cada milímetro é importante para o trabalho com vidro, e que a agilidade proporcionada no dia a dia não compensa a insegurança de um possível erro de instalação.

Uma das fábricas de ferramentas consultadas, a Starrett, declarou através de sua assessoria de imprensa que não recomenda trenas laser para medição de curtas distâncias, justamente tendo em vista a falta de precisão. Para medições até 8 metros, a fábrica recomenda seus modelos de fita, que respondem às exigências de exatidão classe II da ABNT. Especificamente para os vidraceiros, eles indicam o modelo “V”, que pode ser encontrado no mercado pelo preço médio de R$ 28,00.

O gerente da linha de medição da Bosch, Fabiano Bisetto, atenua as críticas ao dispositivo, citando os modelos da Bosch DLE-40 e DLE-70, que possuem margem de erro menor: 1,5 mm. Ele revela também que este é o momento de adquirir uma trena laser: no mês de maio, o governo brasileiro baixou de 15% para 5% a alíquota de importação para medidores de distância. Como a grande maioria dos que estão à venda no Brasil são importados e o desconto no imposto é temporário, o mercado vai se aquecer. As trenas da Bosch [que são importadas] custam entre R$ 370,00 [DLE-40, que mede até 40 metros de distância] e R$ 490 [DLE-70, que mede até 70 metros]. Acima desse preço, as trenas possuem recursos que fazem mais diferença para o construtor civil do que para quem trabalha só com o vidro.

Alguns modelos têm o preço por volta de R$150,00 e R$250,00, mas possuem menos recursos e podem estar sujeitos à margem de erro que alguns vidraceiros temem. É o caso de experimentar o modelo antes de comprá-lo “no escuro”.

Resultado X Preço
Os níveis laser, por outro lado, são ferramentas incontestavelmente eficientes para o trabalho do vidraceiro. O laser forma uma linha na parede indicando a marcação correta a ser seguida, sem dar margem para enganos. Em condições de pouca luz, são imbatíveis.

O ideal para o vidraceiro é o nível laser autonivelante, que possui um pêndulo interno que é capaz de corrigir o prumo usando a gravidade, evitando erros. Quem vai instalar uma janela ou um envidraçamento de sacada, sempre tem sérios problemas com o vento para tirar o prumo. O laser não sofre com as ações do vento e não tem nenhum problema de precisão que atrapalhe o trabalho com o vidro: por exemplo, o modelo de nível que a Bosch recomenda para o vidraceiro, o GLL 2-50, tem margem nivel_bosch_avulsode erro de 0,3 mm, uma marca irrisória.

Quem adotou o nível e prumo laser até agora só elogiou. Na edição nº61 [janeiro e fevereiro] da T&V, o sócio da vidraçaria catarinense Steinglass, Sandro Henrique Reinsi, já havia falado sobre a eficiência do nível e prumo laser. Ele adotara o robusto modelo DW087K da DeWalt nas seis equipes de instalação, mas indicava o ponto fraco do equipamento: o preço. “É um equipamento caro, em torno de R$ 750,00 cada um, porém, facilita, agiliza e reduz a taxa de erros”, contou à época.

Outros níveis a laser que também tiram prumo passeiam pela mesma faixa de preço. O GLL 2-50 da Bosch possui diversos recursos para a tiragem do prumo: autonivelante, emite um aviso sonoro quando não está nivelado e opera em áreas de até 20 metros – podendo chegar a 50 metros com o uso de receptor. Custa entre R$800,00 e R$850,00, preço semelhante ao do seu concorrente DW087K da DeWalt, que possui mesma precisão e recursos. Uma pena que a alíquota de importação dos níveis não foi reduzida junto com a das trenas para tornar esses dispositivos ainda mais interessantes.

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