Conheça as vantagens, limitações e aplicações desse tipo de vidro e o motivo de ser pouco utilizado no Brasil
O vidro termoendurecido é um vidro de segurança submetido a um tratamento térmico similar ao do vidro temperado, mas com nível de tensão interna e resistência mecânica inferiores. Embora apresente vantagens técnicas em determinadas aplicações, seu uso ainda é pouco difundido no Brasil, principalmente por questões ligadas à produção, custo e cultura industrial.
Como é produzido?
O vidro termoendurecido passa por um processo de aquecimento gradual até cerca de 650 °C, seguido por um resfriamento moderado e controlado. Esse resfriamento mais lento em comparação com o vidro temperado induz tensões internas mais brandas, conferindo ao material uma resistência mecânica aproximadamente 2 a 3 vezes maior que a do vidro comum, mas inferior à do vidro temperado, que pode ser até 5 vezes mais resistente que o vidro comum.
Essa menor resistência mecânica é vista, por muitos fabricantes, como uma desvantagem, principalmente considerando o maior tempo de forno que o processo requer.
No Brasil, essa característica aliada à baixa demanda faz com que muitos temperadores evitem produzir vidro termoendurecido, priorizando o vidro temperado, que tem processo mais rápido e aceitação consolidada no mercado.
É importante destacar que, assim como o temperado, o vidro termoendurecido não pode ser cortado ou lapidado após o endurecimento.
Que vantagens oferece na comparação com o vidro temperado?
Apesar da resistência mecânica inferior, o vidro termoendurecido oferece vantagens significativas:
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Menor risco de quebra espontânea: devido às tensões internas mais baixas, há menos possibilidade de ocorrer o “estampido espontâneo”, também chamada de “Quebra Expontânea”, fenômeno que ocorre raramente, causado por inclusões de sulfeto de níquel (NiS).
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Menor distorção ótica e empenamento: especialmente em espessuras de 4 mm e 6 mm, o termoendurecido apresenta menos ondulações, manchas e deformações óticas comuns no vidro temperado, que sofre maiores tensões e resfriamento mais brusco.
Essa qualidade o torna mais indicado em aplicações que exigem boa aparência visual e superfícies planas, como nos aquecedores solares.
Por outro lado, sua resistência mecânica inferior limita seu uso em aplicações onde o desempenho estrutural extremo é necessário, tais como colunas, pisos, degraus e pilares de vidros.
Que vantagem oferece quando compõe laminados?
Em laminados de segurança, o vidro termoendurecido oferece benefícios como:
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Estabilidade pós-quebra: ao se romper, gera grandes fragmentos que permanecem aderidos ao intercalário (PVB ou EVA), mantendo a integridade do conjunto laminado.
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Menor risco de quebra espontânea: ao reduzir a probabilidade de falhas por inclusões de NiS, elimina-se a necessidade do dispendioso Heat Soak Test, obrigatório para temperados em determinadas aplicações.
Conforme citado anteriormente, muitos empresários do setor consideram que o benefício técnico não compensa o custo, preferindo compor laminados com vidros temperados. Devido a isso, os laminados de termoendurecidos nem são incluídos no portifolio da maioria das empresas.
Em que aplicações ele é mais indicado que o temperado?
O vidro termoendurecido é mais indicado que o temperado em situações que requerem:
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Menor distorção ótica, como em aquecedores solares e fachadas envidraçadas, onde a qualidade visual é essencial.
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Redução do risco de quebra espontânea, importante em fachadas de edifícios, coberturas e pisos de vidro, onde a falha súbita pode ter consequências graves.
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Laminados estruturais, que se beneficiam da aderência dos grandes fragmentos à camada intermediária, proporcionando segurança e estabilidade.
Apesar dessas vantagens, sua resistência mecânica inferior restringe sua aplicação em locais sujeitos a altas cargas, impactos ou ventos extremos, como, por exemplo, no fechamento de sacadas de edifícios, onde o vidro temperado ainda é mais indicado.
Por que ele é mais indicado para aquecedores solares que o vidro temperado?
Nos aquecedores solares, o vidro termoendurecido é a escolha preferencial devido a:
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Menor distorção ótica, garantindo melhor desempenho estético e funcional.
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Absorção térmica mais uniforme: as espessuras reduzidas, como 4 mm e 6 mm, favorecem uma distribuição homogênea do calor entre as superfícies do vidro, evitando que uma face aqueça significativamente mais que a outra — situação que, no caso do vidro temperado, pode provocar ruptura por choque térmico.
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Maior previsibilidade na quebra: em caso de falha, o termoendurecido se rompe em grandes fragmentos, facilitando a remoção e manutenção.
Qual seu custo, comparado com o vidro temperado?
Embora o processo de endurecimento do termoendurecido seja menos agressivo e, teoricamente, mais econômico em termos de energia, na prática, ele demanda um tempo de forno superior, o que compromete a produtividade das linhas de têmpera.
No Brasil, esse fator, associado à baixa escala de produção e à menor aceitação do produto, faz com que o vidro termoendurecido seja, na maioria das vezes, mais caro que o vidro temperado, com uma diferença que pode variar de 20% a 30%.