Norma de Ferragens para Vidros Temperados entra em vigor

Texto define competências e determina gravação da marca em todas as peças

Em março de 2025, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) oficializou a norma ABNT NBR 16835, que estabelece os requisitos, classificações e métodos de ensaio para ferragens utilizadas em aplicações com vidros temperados. A publicação da norma marca um avanço importante para o setor vidreiro, pois traz critérios técnicos e requisitos obrigatórios que buscam garantir mais segurança, durabilidade e rastreabilidade nas instalações.

Essa norma de vidros temperados, desenvolvida em parceria com o Siamfesp (Sindicato da Indústria de Artefatos de Metais Não Ferrosos no Estado de São Paulo) e ferragistas de todo o país, estava em discussão desde 2010. Após um longo processo de consulta pública e ajustes feitos entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025, finalmente se chegou a um texto técnico considerado adequado por especialistas, engenheiros e fabricantes do setor.

Segundo os engenheiros Robson Campos de Souza e Roney Honda Margutti, coordenadores da Comissão de Estudo de Ferragens para Vidro e do Comitê Brasileiro de Esquadrias, a norma representa um marco de evolução para a cadeia do vidro temperado. “Agora, os fabricantes podem buscar a certificação de seus produtos junto aos organismos de avaliação da conformidade, assegurando aos consumidores que seus itens cumprem os requisitos técnicos da norma”, explica.

Requisitos técnicos e responsabilidades

A nova norma de vidros temperados define padrões claros de qualidade, durabilidade e resistência mecânica para ferragens usadas com esse tipo de vidro. Seu principal diferencial é a obrigatoriedade da identificação do fabricante nas peças, garantindo rastreabilidade em casos de falhas ou acidentes. Isso facilita a responsabilização de fabricantes e instaladores, além de proteger o consumidor final.

Outro ponto importante é a definição dos limites máximos de peso e dimensões do vidro suportados por cada tipo de ferragem. Essas informações servem de guia para os profissionais da instalação, assegurando que a escolha da peça seja feita de forma segura e adequada à aplicação.

A norma também exige que as ferragens tenham furações específicas, projetadas conforme o modelo da peça, com parafusos e sistemas de fixação apropriados. Isso evita adaptações ou “gambiarras” muitas vezes realizadas na obra, que comprometem a segurança da instalação.

Diversidade de materiais e escolhas inteligentes

As ferragens para vidros temperados podem ser produzidas com diferentes materiais, cada um com características distintas de resistência e custo. Os principais materiais utilizados hoje são:

  • Latão

  • Aço inox

  • Zamac

  • Alumínio

  • Polímero automotivo (com miolo de aço carbono)

O latão e o aço inox são considerados os mais resistentes, sendo ideais para aplicações que exigem longa durabilidade e suportam cargas mais pesadas. Porém, apresentam custo mais elevado.

Já o zamac e o alumínio têm menor custo e são de fácil injeção, mas podem não atender às exigências de resistência em todos os tipos de instalação. O polímero automotivo é uma alternativa intermediária, com boa performance estética e um núcleo resistente, geralmente usado em aplicações mais leves.

A escolha do material ideal deve levar em conta o custo-benefício, o tipo de vidro, o local da instalação e a opinião de profissionais experientes. Algumas esquadrias articuladas, por exemplo, exigem ferragens específicas, como dobradiças, para garantir o melhor desempenho e estética.

Aplicações práticas e segurança

A norma de vidros temperados abrange diversas situações de uso, desde portas convencionais e pivotantes até boxes de banheiro, guarda-corpos e pisos de vidro. Ela reforça que cada tipo de instalação possui requisitos específicos de carga, dimensão e resistência, e que a não observância dessas diretrizes pode resultar em acidentes sérios.

No caso de portas pivotantes de grandes dimensões, por exemplo, a norma estabelece que o centro de sustentação deve ser corretamente dimensionado. Ferragens e molas precisam suportar o peso com segurança, e qualquer erro pode ser fatal. Em construções populares com espaços menores, como apartamentos compactos ou tiny houses, o uso de ferragens articuladas (como as chamadas Ferragem Flex) tem crescido. Elas otimizam o espaço e proporcionam acessibilidade, inclusive para pessoas com mobilidade reduzida.

Controle de acesso e sistemas com fechamento automático

Outro destaque importante da norma é sua aplicabilidade em sistemas de fechamento automático. Dobradiças podem ser acopladas a molas de piso ou a mecanismos internos que garantem o fechamento da porta por gravidade ou por sistema interno.

Esse tipo de solução é muito utilizado em locais de grande circulação, como prédios comerciais, clínicas e estabelecimentos públicos, onde o controle de acesso e a manutenção da porta fechada são essenciais para a segurança.

Em casos mais simples, a utilização de dobradiças com sistema interno de retorno automático é suficiente. A norma não impede a inovação, mas impõe critérios técnicos mínimos para garantir que esses sistemas funcionem de forma eficaz e segura.

Corrimãos e barreiras de passagem

Nos últimos anos, cresceu o uso de ferragens para instalação de corrimãos e barreiras de passagem com vidro temperado. Existem dois modelos principais de fixação:

  1. Botões de aço inox, instalados nos cantos inferiores do vidro, que o mantêm na posição vertical.

  2. Torres modulares, que prendem o vidro por aparafusamento através de quatro pontos de fixação.

Esses modelos são eficazes em aplicações no térreo, como barreiras em centros comerciais ou ambientes corporativos. No entanto, a norma é clara ao afirmar que, se a instalação estiver em altura superior a um metro, deve-se aplicar as diretrizes da NBR 14.718 – Norma de Guarda-Corpos. A exceção ocorre quando o projeto prevê a utilização de vidro temperado laminado, que possui características específicas de segurança.

Avanço para o setor e mais segurança para todos

A publicação da norma de vidros temperados NBR 16835 representa um grande avanço para a cadeia produtiva do vidro no Brasil. Ao definir responsabilidades, indicar materiais adequados e exigir a marcação das peças com a identificação do fabricante, a norma fortalece a confiança de consumidores, arquitetos, engenheiros e instaladores no uso do vidro como elemento construtivo.

Além disso, torna o setor mais profissional, ao estimular boas práticas e inibir adaptações improvisadas. Para os vidraceiros, a norma se torna um apoio técnico valioso na hora de orientar o cliente e executar o serviço com segurança e precisão.

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