Diversas vidraçarias já descobriram que trabalhar com o vidro aliado ao inox significa maior lucratividade!
O desenvolvimento do setor de inox em todo o mundo permitiu também a criação de peças modulares para montagem fácil e rápida de sofisticados guarda-corpos. Conforme já mencionamos em nossa edição número 98 (reportagem “Isto Não Existia Há 15 Anos), estes permitiram ao vidraceiro a montagem completa sem a necessidade de formar parcerias com o profissional especializado em inox, incluindo soldagem e polimento.
Outra mudança importante nessa área de inox foi a chegada de itens importados da China, que possibilitaram a popularização de suportes para prateleiras, kits e ferragens, que antes eram considerados sofisticados e exclusivas, como as ferragens tipo Spider de inox. Tais ferragens chegaram a custar até R$ 500,00 a unidade. Hoje é possível se encontrar essas ferragens com preços em torno de R$ 300,00 e em vários modelos.
Antes da fabricação ou importação destas, a instalação por aparafusamento tipo Spider e Planar System eram exclusivas das empresas Santa Marina Vitrage e Blindex. A disponibilidade do produto e a possibilidade de utilização com laminados de temperados disseminou esse tipo de instalação no Brasil.
O aço inox ainda está restrito a vidraceiros mais capacitados e que estão empenhados em melhorar a qualidade e obter maior lucratividade. É bem o perfil dos leitores da Revista Tecnologia & Vidro, diga-se de passagem.
Easy Glass e outros
Recentemente a empresa alemã Q-Railing passou a fabricar a linha Easy Glass no Brasil. Ela utiliza majoritariamente uma base de alumínio, porém, os corrimãos são de aço inox e, se o cliente assim desejar, a empresa oferece uma capa de aço inox para revestir a base de alumínio.
A realidade é que o aço inox definitivamente casou-se com o vidro. De uma década para cá o que estava restrito a poucas obras ganha enorme proporção. O produto passa a atuar com o vidro também em coberturas, boxes com roldanas aparentes e até degraus de escadas.
Segundo dados da Associação Brasileira do Aço Inoxidável (Abinox) o consumo per capta passou de 1,14 kg em 2000 para 1,95 kg em 2014. A produção nacional acompanhou esse crescimento em proporção semelhante. Na reportagem citada acima, a Ideia Glass e a WR Glass apresentaram linhas de kits para públicos mais exigentes, feitos inteiramente de aço inox.
Na sequência sugerimos questões e publicamos as respostas de cinco empresas fornecedoras de soluções em inox aliadas ao vidro. Nos limitamos a publicar as respostas das empresas que responderam ao formulário enviado pela nossa reportagem no mês de agosto, incluindo a Ludofix, que produz fixadores e parafusos feitos com o material. Confira:
Martín Halon – diretor da Corriflex
Revista Tecnologia & Vidro (T&V)
Há quanto tempo trabalha com aço inox?
Há 22 anos.
T&V – Há quanto tempo trabalha com o aço inox aliado ao vidro?
Aproximadamente 10 anos.
T&V – Você tem sentido um aumento desse mercado aço inox e vidro? Desde quando?
Aqui a resposta é quase a mesma. Também há dez anos, o que nos levou a nos dedicar a essa área.
T&V – A que fatores você atribui esse crescimento?
O crescimento deve-se a vários, um deles é a tendência mundial do inox e do vidro, que dominam a Europa e a Ásia há mais de 20 anos. Outro aspecto é a diminuição do valor do aço inox em função do seu alto consumo, e outro é a sua praticidade em termos de durabilidade, dureza, aspecto higiênico e sofisticação.
T&V – O aço inox sofreu redução de preços, tornando-se mais acessível nos últimos anos? Por quê?
Pela alta demanda e o ingresso dos países asiáticos com este produto.
T&V – Como está esse mercado atualmente?
Em alta e fortemente aquecido.
T&V – Quais são as expectativas para esse fenômeno de aço e vidro?
Na verdade já é uma realidade em constante crescimento, o aço inox vem ocupando aos poucos o lugar do alumínio.
T&V – O que falta aos vidraceiros para trabalharem mais com o aço e o vidro?
Principalmente conhecimento e capacitação técnica, embora hoje em dia produtos como a nossa linha de acessórios para corrimãos em aço inox já foi pensada para facilitar a vida do vidraceiro. Ela não exige soldagem e com isso torna-se mais fácil o acesso do profissional ao aço inox.
T&V – Qual o mais recente lançamento de sua empresa?
São os produtos para corrimãos para 5/8″ ou 15,7 mm que combinam muito bem com diâmetros maiores de tubos, como de 2″ ou 50,8 mm, deixando o guarda-corpo mais harmonioso.
Revista Tecnologia & Vidro (T&V)
Há quanto tempo trabalha com aço inox?
14 anos.
T&V – Há quanto tempo trabalha com o aço inox aliado ao vidro?
13 anos.
T&V – Você tem sentido um aumento desse mercado aço inox e vidro? Desde quando?
Sim, há 13 anos percebi que era um mercado promissor e isso foi fundamental para começarmos a investir e estruturar a empresa no beneficiamento do aço inox.
T&V – A que fatores você atribui esse crescimento?
Acredito que sejam vários fatores, como resistência às intempéries da natureza, durabilidade, forte apelo visual e a sofisticação que ele proporciona a qualquer projeto.
T&V – O aço inox sofreu redução de preços, tornando-se mais acessível nos últimos anos? Por quê?
Em minha opinião houve uma consolidação. Lembro-me que por volta do ano de 2002 os aumentos eram constantes e nossos fornecedores alegavam que era devido ao aumento do dólar. Com o passar dos anos o material parou de subir constantemente, talvez até pelo aumento da demanda.
T&V – Como está esse mercado atualmente?
Dizer que está maravilhoso não seria o correto, mas seria injusto de nossa parte qualquer tipo de reclamação, tanto que a empresa não parou de investir.
T&V – Quais são as expectativas para esse fenômeno de aço e vidro?
As expectativas são muito animadoras. Quando começamos a trabalhar com inox lembro-me de ter lido uma matéria onde dizia que o inox era o material do futuro. Pois bem, este futuro chegou. Os clientes na hora de escolher um produto sempre procuram preços bons, porém, hoje mais do que nunca estão muito exigentes e munidos de informações. Estão dispostos a pagar e procuram por algo que não seja descartável, pelo contrário, que perdure por muito tempo sem exigir manutenção constante.
T&V – O que falta aos vidraceiros para trabalharem mais com aço e vidro?
Embora não seja um material novo, a resistência para mudar o que já se tem para outro é natural. Falta entendimento de que o vidraceiro pode aumentar e muito o seu faturamento trabalhando com o inox.
T&V – Qual o mais recente lançamento de sua empresa?
Trata-se de um Kit Box com roldanas aparentes para vidro padrão com um lindo design.
Walter C. de Carvalho – diretor da Walmetal
Revista Tecnologia & Vidro (T&V)
Há quanto tempo trabalha com aço inox?
Eu, Walter, há 28 anos, a Walmetal há 15 anos.
T&V – Há quanto tempo trabalha com o aço inox aliado ao vidro?
Fabrico Spider Glass em aço inox há 15 anos.
T&V – Você tem sentido um aumento desse mercado de aço inox e vidro? Desde quando?
Sim, sem dúvida nos últimos 10 anos o mercado de “ferragens para vidro em aço inox” vem aumentando, bem como aumentou o número de empresas no mercado, exemplo disto é termos hoje até “muros de vidro e inox” na frente de edifícios comerciais e residenciais sendo construídos com estrutura (colunas) mais Spider Glass de inox e vidro, com resultados de muito bom gosto.
T&V– A que fatores você atribui esse crescimento?
Sem dúvida, o brilho, a praticidade e leveza do Spider Glass de inox torna a estética do conjunto mais arquitetônico, aliado a maior durabilidade do inox em relação a outros metais.
T&V – O aço inox sofreu redução de preços, tornando-se mais acessível nos últimos anos?
Aço inox é uma “commodity” e, como tal, dificilmente haverá redução de preços. Com a desvalorização do real a cada dia, os valores são corrigidos instantaneamente, tornando a situação dos fabricantes de produtos de inox uma operação muito delicada com relação a preços.
T&V – Como está esse mercado atualmente?
Os fabricantes de peças de inox para vidro estão sofrendo muito com a crise (leia-se baixas vendas).
T&V – Quais são as expectativas para esse fenômeno de aço e vidro?
Não dá para se ter ou medir expectativas hoje, mas acredito que assim que passar este “tsunami” de problemas no atual governo, haverá uma retomada da construção civil, onde poderemos ter expectativas dentro da realidade.
T&V – O que falta aos vidraceiros para trabalharem mais com aço e vidro?
Interesse na qualificação pessoal e profissional. O brasileiro, de uma maneira geral, comete um grande erro, acha que aquilo que aprendeu no passado não necessita de reciclagem. Todos nós precisamos constantemente estudar técnicas mais atuais.
T&V – Qual o mais recente lançamento da sua empresa?
O Spider Glass mod. WX 15. É o mesmo desenho do lançamento em 2011, porém, com processo de fabricação mais atualizado. Anteriormente, era dobrado em prensa dobradeira. Investimos R$55 mil em uma ferramenta para estampar em prensa de grande porte.
Eduardo Abreu – sócio-gerente da Ludufix
Revista Tecnologia & Vidro (T&V)
Há quanto tempo trabalha com aço inox?
Vinte e dois anos, com toda linha de fixadores em inox.
T&V – Há quanto tempo trabalha com o aço inox aliado ao vidro?
Dez anos, em especial parafusos para ferragens para vidro e instalações.
T&V – Você tem sentido um aumento desse mercado aço inox e vidro?
Sim, desde 2012.
T&V – A que fatores você atribui esse crescimento?
Maior divulgação e redução de custo nos fixadores.
T&V– O aço inox sofreu redução de preços, tornando-se mais acessível nos últimos anos? Por quê?
Sim, devido aos maiores volumes de produção.
T&V – Como está esse mercado atualmente?
Em expansão.
T&V – Quais são as expectativas para esse fenômeno aço e vidro?
Com mais divulgação, o uso mais constante, para valorizar ainda mais as instalações e os acessórios.
T&V – O que falta aos vidraceiros para trabalharem mais com fixadores em aço inox?
Ter conhecimento das vantagens, principalmente em relação a custo, que hoje já é bem mais acessível.
T&V – Qual o mais recente lançamento de sua empresa?
Nenhum novo, mas sempre tempos sugestões de aplicação mais adequada para cada caso.
T&V – Gostaria de acrescentar alguma informação relevante que não foi perguntada?
Sim, as vantagens dos fixadores em aço inox são inúmeras, resistência À corrosão, maior resistência mecânica e agora é o único fixador a atender 100% à nova norma de envidraçamento de sacadas da ABNT.
Martin Mittelstaedt – Diretor da Q-railing Brasil
Revista Tecnologia & Vidro (T&V)
Há quanto tempo trabalha com aço inox?
Cerca de 20 anos na Europa. Três anos no Brasil.
T&V – Há quanto tempo trabalha com o aço inox aliado ao vidro?
Mesmo tempo.
T&V – Você tem sentido um aumento desse mercado aço inox e vidro? Desde quando?
Sim, no Brasil de cinco anos pra cá.
T&V – A que fatores você atribui esse crescimento?
O inox oferece um produto superior com pouca manutenção, aliado a uma estética mais atraente. O vidro é tendência mundial por oferecer mais transparência e um design mais moderno.
T&V – O aço inox sofreu redução de preços, tornando-se mais acessível nos últimos anos? Por quê?
Em virtude da maior disseminação do material, com aumento na procura os custos de produção conseguiram ser baixados.
T&V – Como está esse mercado atualmente?
Os sistemas de guarda corpo mais vendidos pela Q-railing são os que utilizam o vidro. Ou na forma de montantes de inox com preenchimento de vidro, ou guarda corpos estruturais em vidro (sem montantes). Esta é claramente a tendência quando o critério de compra não é somente o menor custo.
T&V – Quais são as expectativas para esse fenômeno aço e vidro?
São muito boas.
T&V – O que falta aos vidraceiros para trabalharem mais com aço e vidro?
Importante é uma maior divulgação junto aos profissionais da área através de treinamentos e cursos específicos.
T&V – Qual o mais recente lançamento de sua empresa?
Um dos mais recentes lançamentos da Q-railing é a nova geração de perfis de base Easy Glass Pro e o Easy Glass Hybrid.
Aço inoxidável enferruja?
O fato da maioria dos talheres domésticos serem feitos de aço inox e terem longa durabilidade contribuiu para que o produto obtivesse sua consagração máxima, considerado um produto eterno. Porém, se não tiver manutenção adequada, como os talheres que são lavados a cada refeição, as peças feitas com aço inox podem sofrer oxidação e corrosão.
Se o aço inox fosse um metal isento de cuidados, como muitos imaginam, uma embarcação tipo iate ou lancha não precisaria de marinheiros para a constante manutenção das peças de inox.
Até agora não se sabia exatamente por que o aço inoxidável apresentava esses pontos de corrosão. Mas o mistério foi descoberto por pesquisadores do Imperial College e da University College London (Inglaterra), e segundo a cientista Dr.ª Mary Ryan, a corrosão tem seu foco na partícula não dissolvida do enxofre, de apenas 10 milionésimos de metro. É um “vírus” que inicia o ataque ao aço inox.
Os compostos de enxofre são impurezas do aço e, mesmo após extrema purificação, ainda residem no metal em “ilhas” de alguns nanômetros de diâmetro. E são estas ilhas de enxofre que fornecem combustível para o início da oxidação do aço.
A oxidação com posterior corrosão é um problema que atinge a construção civil, naval, medicina e outras áreas.
Os químicos ainda estão longe de formular uma maneira completamente eficaz contra a corrosão, mas ao menos, eles descobriram como ela inicia em chapas de aço inoxidável.
O aço torna-se inoxidável, porque o ferro é forjado com cromo – um filme de óxido de cromo se forma na superfície do metal, protegendo-o contra a ferrugem. Mesmo riscado, o óxido de cromo volta a surgir, pois o metal está impregnado no ferro. Entretanto, esta capa protetora é muito fina – apenas alguns nanômetros de espessura.
Não é uma polegada de aço inoxidável que fica entre você e o desastre – é cem nanômetros de óxido de cromo”, diz David Willians, da University College London, um dos autores do trabalho. Se água e, principalmente, água salgada, atingir uma destas bolsas de enxofre, ocorre uma reação que produz ácido concentrado capaz de dissolver o metal.
As técnicas usadas hoje para tornar o aço menos vulnerável são todas muito caras: adição de outros metais, como molibdênio ou titânio, ou ainda incremento na quantidade de cromo. Estes métodos economicamente inviáveis só têm aplicação em aço de alta qualidade para ambientes extremamente corrosivos, como implantes cirúrgicos.
Sabe-se também que quanto mais pura for a composição do inox, menos oxidação ocorrerá. Assim, o aço inox 304 é mais puro que o aço inox 430.
Cuidados
Certos cuidados podem garantir maior durabilidade e beleza aos produtos de aço inoxidável. Para manter esses produtos mais bonitos e brilhantes por mais tempo, é necessário cuidar da camada passiva (aquela que não permite o contato do ferro com o oxigênio).
Quando o aço inoxidável é riscado a camada passiva é removida, mas quase que instantaneamente refeita pela rápida reação do cromo com o oxigênio.
Para evitar contaminação da camada passiva, devemos evitar o uso de esponjas de aço, pois podem riscar a camada passiva e depositar aço carbono, que impede a restauração perfeita da nova camada, aparecendo assim pontos de oxidação.
O aço inoxidável não pode permanecer em contato com a ferrugem. O esquecimento dessas esponjas de aço sobre pias ou utensílios de inox também propiciam contaminação por contato.
As técnicas modernas para tornar o aço inoxidável totalmente resistente à ferrugem são muito caras e suas utilizações em aplicações comuns se tornam inviáveis.
Prefira sempre esponjas plásticas (preferivelmente de Nylon) e detergentes neutros.
O uso de ácidos também não é recomendado, especialmente clorídrico e sulfúrico. Para casos específicos aonde se fazem necessário o uso desses ácidos, existem ligas especiais como o aço inoxidável AISI 316, que suporta melhor esse tipo de agressão química.
Para manter o brilho por mais tempo, portanto, observe o sentido em que o aço foi polido e utilize as esponjas plásticas para a limpeza sempre no mesmo sentido.