Máquinas para vidros Parte II

Empresas com perfis diferentes ajudaram a formar a cadeia de fornecimento de máquinas e equipamentos para vidros no Brasil

Década de 80

moreno-magon0533300001.MTS.Still001Agostinho

Em meados da década de 80, Ricardo Aragon tinha a função de desenvolver e produzir as máquinas e equipamentos que seriam utilizados na Santa Lúcia Cristais Blindex. Contava na empresa autonomia para tentar a montagem e, como referência, somente alguns manuais trazidos da Europa.

Nessa mesma época, em Ribeirão Preto, interior paulista, Agostinho Alves, proprietário de uma calderaria, tinha fama na região de inventar máquinas para as mais variadas situações como, por exemplo, de cortar papel, de cortar biscoitos com arame e outras.

Moreno Magon, por sua vez, iniciava nesse período sua carreira profissional na multinacional italiana Z. Bavelloni, atuando inicialmente na fábrica instalada na Itália.

Entradas

00002.MTS.Still003A entrada dos três no ramo vidreiro aconteceu de maneiras diversas. Ricardo decidiu criar a Crismach quando a Pilkington, que já era proprietária da Santa Lúcia havia cinco anos, assume a gestão da empresa.

Ao oferecer os equipamentos ao mercado, Ricardo sofreu um duro choque de realidade. As biseladoras bilaterais e outros equipamentos de ponta que produzia eram demasiadamente avançados para o mercado da época. “Me chamavam de louco porque a maioria ainda usava  a máquina americana com rebolão de pedra e lixadeiras”, explica Ricardo. Ele acrescenta que suas máquinas só passaram a ser procuradas quando.

moreno-magon05333houve a liberação das importações pelo então presidente Fernando Collor, em 1992. Foi então que começaram a chegar as importadas e as empresas do vidro passaram a reconhecer e valorizar o que Ricardo produzia.

Agostinho, por sua vez, começou a atuar no setor vidreiro com uma linha de máquinas próprias há aproximadamente 20 anos (1994), destinadas ao transporte e manuseio de chapas de vidro.

Primeiramente através de pequenos pedidos de carrinhos, paliteiros e mesas de corte e, conforme os clientes iam indicando, com peças mais sofisticadas.

Sua primeira participação em uma feira do setor aconteceu em 1999 em um pequeno estande de 32 metros quadrados. Ali expôs uma mesa de corte e outros produtos menores. O sucesso surpreendeu aos diretores da empresa, que venderam 21 mesas de corte naquele ano e passaram a dedicar atenção especial ao ramo vidreiro.

Já Moreno Magon foi galgando posições na Z. Bavelloni até coordenar o setor comercial em todos os países de idioma espanhol da América do Sul. Sua curiosidade sobre o Brasil fez com que aceitasse o desafio, em 1998, de coordenar a montagem de um escritório de vendas por aqui. “Encontrei uma situação muito aconchegante e cheia de oportunidades”, descreve o executivo. Na época a comercialização de equipamentos importados era mais complicada e a tecnologia italiana estava muito adiante do nível de desenvolvimento dos equipamentos nacionais.

Retornou para a Itália, porém, poucos anos depois, veio novamente para cá. Desta vez com a missão de coordenar o processo de unificação das empresas W do Brasil, Tamglas, Bavelloni e Makivetro em uma única empresa, a Glaston South America. “Da primeira vez vim por curiosidade, na segunda vim por decisão própria e porque minha esposa é brasileira. Mas não ficaria aqui muito tempo se não gostasse profundamente do Brasil. E o que eu gosto especialmente é dos brasileiros”, explica Magon.

Chineses

As três empresas, por possuírem perfis diferentes, sentiram de forma diferenciada o impacto da entrada de máquinas chinesas no Brasil nos últimos 10 anos.
A Crismach, que atuou por um longo tempo no desenvolvimento de máquinas especiais,  viu a chegada dos equipamentos chineses como uma oportunidade e acabou criando um setor especialmente voltado para a importação de máquinas.

Agostinho, da Agmaq, não vê com bons olhos a invasão chinesa. Defende que o entusiasmo inicial já está passando porque muitos empresários, ao ficarem com equipamentos parados e sem manutenção, já estão buscando a substituição de tais máquinas.  “É como comparar um Audi com um carro chinês. Por fora os dois são bons, porque os chineses sabem copiar muito bem, porém a máquina funciona somente algum tempo. Depois aparecem os problemas porque por dentro é outra coisa”, descreve.

Agostinho reconhece que existem alguns equipamentos chineses de boa qualidade, mas defende que se o preço é muito inferior é melhor o empresário desconfiar.
Magon, por outro lado, diz que a entrada de equipamento chinesese em um primeiro momento prejudica, mas por outro lado, ajuda. “Quem não tinha recursos compra equipamento e desperta interesse no beneficiamento. Em um segundo momento o caminho natural é buscar equipamentos mais sofisticados”, argumenta, citando também que a China possui bons e maus produtos e que a Glaston possui uma unidade produtiva da China.

Fase atual

A Crismach chegou a comercializar diversos equipamentos, incluindo 10 linhas completas de laminação com PVB. Atua em várias áreas atualmente. Possui um setor de importados, desenvolvem e fabricam lavadoras e máquinas especiais sob encomenda e prestam manutenção em máquinas nacionais e importadas, inclusive, com a produção de peças de reposição, se for o caso. Também estão produzindo vidros laminados decorados, termo-acústicos e outros.

A Agmaq possui um grande parque industrial composto por quatro galpões, equipamentos de última geração e uma relação de mais de 100 máquinas e equipamentos diferentes em oferta. É responsável pela produção e comercialização de 2.500 mesas de corte e continua ampliando.

A Glaston, por sua vez, tem atuado fortemente na comercialização de diversos equipamentos de última geração. Os fornos de têmpera são os principais produtos da empresa. Estes têm agregado diversas e sofisticadas tecnologias que facilitam a ação do operador, sugerindo a melhor regulagem de acordo com o resultado que se quer alcançar no processo de têmpera. Além disso está lançando o Glaston Air, forno que é novidade mundial no qual, no processo a quente o vidro fica suspenso em um colchão de ar, sem contato com rolos. É capaz de temperar com perfeição de planicidade a vidros com o mínimo de 1.8 mm de espessura.

As reportagens completas destes três fabricantes pioneiros do setor podem ser assistidos na VidroTV (www.vidrotv.com.br)

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Compartilhe
Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp