Qualidade do produto será exigida; porém, o instalador precisa ficar atento às suas responsabilidades, pois falhas serão facilmente detectadas.
Muitas ferragens para vidros vão mudar. Alguns fabricantes não poderão fazer qualquer coisa e jogar no mercado anonimamente como fazem atualmente. Terão que seguir normas que foram desenvolvidas para proteger, principalmente, o usuário final do produto. Quem anuncia a boa novidade é o gerente de tecnologia do Sindicato da Indústria de Artefatos de Metais Não Ferrosos no Estado de São Paulo (Siamfesp), Roney Honda Margutti.
Segundo ele, as ferragens para vidros já deveriam estar sendo produzidas com o nome do fabricante estampado, ao menos, na parte interna dos produtos, para facilitar a identificação. “Quem não está fazendo isso está infringindo a Lei, pois esse é um direito do consumidor”, enfatiza. Ele ressalta também que neste segundo semestre de 2015 o texto final da nova norma de ferragens para vidros deverá ser divulgado e ir para consulta nacional.
Situação atual crítica
É claro que existem bons fabricantes e boas ferragens para vidros no mercado. Porém, a grande concorrência dos últimos anos fez com que algumas empresas que se baseiam somente no preço baixo e na baixa qualidade prevalecessem, prejudicando até mesmo a imagem do vidro temperado como um todo.
Ferragens de má qualidade foram fabricadas com materiais de baixo desempenho e espessura de paredes finas. Algumas delas chegavam até mesmo a entortar quando se fazia o aperto adequado do parafuso – outras se quebravam com esse procedimento. Para compensar, os vidraceiros davam apertos menores. Como resultado ocorreram diversas situações de escorregamento do vidro pelas ferragens, prejudicando o desempenho da instalação de temperados como um todo e, em alguns casos, até mesmo promovendo quebra de vidros e ferimentos em usuários.
O próprio mercado é seletivo e está tratando de excluir alguns produtos de extrema baixa qualidade naturalmente. Entretanto, esse processo é lento e – para que haja critérios para evitar novos casos e para se elevar o nível de qualidade geral – a criação da norma se faz necessária.
Novas regras
Além da exigência em se identificar as ferragens com o nome dos fabricantes, permitindo a rastreabilidade dos criminosos em caso de ferimentos e apuração de responsabilidades, a nova norma que está sendo criada pela comissão de estudo (ABNT/CEE-188 – Ferragens) contempla a questão da comunicação entre os diversos participantes da cadeia, formada por fabricantes, especificadores, revendedores, vidraceiros, instaladores e consumidores finais.
Atualmente existe uma verdadeira torre de Babel instaurada. Uma ferragem 1130 no padrão Santa Marina, por exemplo, pode receber diversas denominações diferentes dependendo do fabricante. Nessa mesma ferragem um detalhe pode ser chamado tanto de aparador quanto de puxador, dependendo de quem a esteja produzindo. “Quem está habituado com os códigos atuais até consegue traduzir, mas quem está ingressando no ramo vidreiro ou para o usuário final fica bastante confuso fazer a correspondência do código com o produto que necessita”, explica Roney.
Performance bem-definida
Facilitada a identificação de cada peça, estas terão determinadas suas performances por norma. Cada ferragem deverá trabalhar com a furação especialmente projetada para ela e com o aperto de parafusos apropriado. “O que tem acontecido atualmente é que em muitos casos o ferragista leva a culpa pela falha do instalador, este erra seu pedido para a têmpera e, na hora de instalar a ferragem, dá um jeito de adaptá-la a uma furação que não é apropriada a ela”, cita.
Determinada a ferragem ideal e a furação correspondente, a norma irá estipular também o aperto necessário para que essa ferragem fique bem posicionada, evitando o escorregamento do vidro. Existem no mercado torquímetros que podem ajudar o instalador a encontrar esse ponto ideal de aperto, mas, caso os profissionais não adotem essa ferramenta, poderão saber que a ferragem aguentará o aperto adequado para suportar o vidro por muitos anos e em diversas situações. Em caso de acidentes, ao se apurar responsabilidades, entretanto, será verificado se esse procedimento foi executado pelo instalador de forma satisfatória.
Peso e largura das portas
Segundo as normas técnicas, uma porta de vidro, por exemplo, deve ter a largura máxima de 1,10 m em dobradiça comum. No caso de peças mais largas devem ser utilizadas ferragens especiais e a sustentação deve ser deslocada mais para o meio da porta. A nova norma irá contemplar esse aspecto para definir de quem serão as responsabilidades em caso de acidentes. Também serão definidas as cargas máximas que cada ferragem suporta e, caso o instalador não se atente a esses limites, poderão ser responsabilizados. Modificações feitas pelos vidraceiros nas ferragens para que estas se adaptarem à instalação também serão itens observados.
Fase final
Após seguir para consulta nacional o texto será transformado em norma e deverá entrar em vigor em 2016. A comissão que desde 2012 se reúne periodicamente na sede do Siamfesp é formado tanto por fabricantes de ferragens quanto de vidros interessados em regulamentar devidamente esse ramo, composto por dezenas de empresas de diversos portes.