Foi-se o tempo em que os contêineres eram de uso exclusivamente das empresas de importação e exportação. Agora eles ganharam destaque no mercado de construção civil, que vem usando com criatividade esse material, que combinado com o vidro pode garantir um toque de sofisticação e originalidade a qualquer projeto.
Os contêineres, que têm sua vida útil limitada para carregamento de cargas, estão se tornando a matéria-prima na construção de novos espaços, sendo reutilizados na estrutura e criação de casas e prédios. Uma tendência construtiva que já tomou espaço na Europa, Ásia e nos Estados Unidos, e está sendo introduzida também no Brasil.
Essa nova aposta vem sendo levada tão a sério pelos profissionais do setor, que até já ganhou um evento exclusivo no Brasil: a Casa Foz Design, também conhecida por “A Casa Contêiner”. O projeto traz uma proposta ousada e inovadora: a construção de uma casa utilizando 15 contêineres, com 498 m² de área construída e totalizando 1.020 m² de área de exposição, entre áreas internas e externas.
A primeira edição do evento aconteceu neste ano, em Foz do Iguaçu. Os arquitetos Karin Nisiide e Carlos Salamanca foram os responsáveis e a Iguassu Invest foi a idealizadora do projeto. O evento tem como principal proposta apresentar uma nova maneira construtiva, sob os pilares da sustentabilidade, inovação e tecnologia.
Todos os 32 ambientes da casa foram montados dentro desses três pilares. No total, a mostra contou com a participação de mais de 50 profissionais, entre engenheiros e arquitetos. Além do caráter comercial e expositivo do evento, o espaço da Casa Foz Design serviu também como um espaço educativo e didático, onde estudantes, profissionais do segmento e pesquisadores promoveram discussões e debates sobre a temática do projeto.
O vidro, sendo um material 100% reciclável, não poderia deixar de faltar na Casa, que contou com a parceria da Rio Sul Vidraçaria para a instalação dos vidros temperados 6 mm nas janelas e temperados 8 mm e 10 mm nas portas.
Entre os destaques do uso do vidro estava o trabalho da artista vidreira Thais Pontes, que fez a fachada da Casa com vidro reciclado. A parede de 53 m² foi coberta com peças de vidro coloridas em 18 tons diferentes de azul, com o intuito de representar as cataratas de Foz de Iguaçu. “O vidro, ao contrário do que a gente pensa, é um líquido, assim como a água. E, assim como os fundos dos oceanos, o vidro tem como principal componente a areia”, explica Thais ao justificar a escolha do material.
Todos os vidros usados na construção da fachada foram doados por uma empresa que estava passando por reformas e que iria jogá-los no lixo; mostrando assim uma das principais características do vidro, que é a possibilidade de reutilização infinita.
A casa foi inaugurada no dia 16 de outubro e ficou aberta para visitação até o dia 17 de novembro.
Contêineres são destaque das Olimpíadas de 2016
Nova sede do Rio 2016 possui tecnologia modular e é ecologicamente integrada
O uso do sistema de contêineres também é destaque na construção da nova sede do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio 2016, que chamou a atenção da mídia nacional pela inovação e pela preocupação com o meio ambiente. O prédio de 20.938 m² foi erguido com uma tecnologia de sistema modular, que favoreceu a parte estrutural do edifício, diminuindo o uso de concreto e alvenaria.
No total, foram usados 1.368 módulos habitacionais. Cada um
deles tem 6 x 2,44 m e possui estruturas de aço pré-moldadas que já chegam prontas no local da obra, o que possibilita uma construção três vezes mais rápida, com o mínimo de descarte de entulho. Depois de montados e encaixados, esses módulos são revestidos em ACM com vidros laminados verdes de 10 mm.
Os vidros são fornecidos pelo Grupo Paris. A empresa calcula que a obra usou 6,5 mil metros de vidro laminado refletivo verde, com espessuras de 8 mm e 10 mm. A instalação dos vidros começou no ano passado. E neste ano, a última fase da obra deve ser finalizada.
O prédio conta com um sistema de aproveitamento de águas de chuva, economia de energia e mobiliário de madeira certificada. O sistema de ar condicionado é dotado de componentes eletromagnéticos para redução do custo de energia e controle de temperatura por zona. A iluminação é feita com luminárias em LED, com baixo consumo de energia; além de vidros reflexivos, que permitem melhor aproveitamento da luz natural.
A acessibilidade também foi tratada com atenção no desenvolvimento deste projeto. O prédio tem rampas e elevadores, que atendem todos os requerimentos necessários, como a sinalização em braile e o piso com orientação tátil.
A sede está localizada na Cidade Nova, no centro do Rio de Janeiro. E após os Jogos poderá ser desmontada e reutilizada para outro fim.