Pedaços de vidro e garrafas vazias viram obras de arte com um toque de criatividade
“Procuro fazer peças que estimulem a curiosidade, que sejam lúdicas, modernas e, ao mesmo tempo, funcionais.”
Márcia Lepage
Já se perguntou o que fazer com todos aqueles pedaços de vidros que sobram na sua vidraçaria, ou aquelas garrafas vazias após um jantar com os amigos? Pois bem, nas mãos da artista plástica Márcia Lepage essas aparentes “sobras de materiais” se tornam lindas peças de decoração.
Márcia cresceu em um ambiente propício para o desenvolvimento da criatividade, sendo filha de arquitetos e neta de artistas. E ao longo dos anos descobriu sua paixão pela arte, especialmente aquela relacionada ao vidro, material com o qual trabalha há mais de 14 anos.
“O vidro é a estrela do meu trabalho”, afirma a artista plástica, ao explicar que ele é a matéria-prima das suas peças. “Sou apaixonada pela transparência, mais até que pelas cores. Gosto do brilho, das bolhas dentro do vidro, gosto de ver várias espessuras na mesma peça”, conta.
Durante um curso básico que Márcia fez sobre o vidro, ela entrou em contato com várias técnicas e maneiras de se fazer arte com esse material. Mas foi a técnica de fusing que ela desenvolveu e especializou. O fusing consiste na junção de diversos fragmentos de vidro em sobreposição e fundidos a uma temperatura acima de 800 °C, transformando os pedacinhos em uma só peça.
“Eu me recuso a fazer ‘pratinhos pintados’”, afirma Márcia, e ressalta: “Adoro ser experimental, misturo vidro com metais, fibra de vidro, correntes, concreto, ferragens, cerâmica, telas de metal, lacres de refrigerante. Procuro fazer peças que estimulem a curiosidade, que sejam lúdicas, modernas e, ao mesmo tempo, funcionais”.
Para a confecção das peças, a artista compra sobras de vidro das vidraçarias, mas também recebe doações de vidros temperados, vidros planos e de garrafas de vidros. Além de algumas peças que ela encontra em caçambas pela rua. “Eu sempre fico de olho onde posso conseguir mais material”, conta Márcia.
A artista trabalha no ateliê Lapage Verre, pelo qual ela desenvolve principalmente objetos utilitários, que podem ser usados no dia-a-dia da casa, ou na decoração. Entre as peças mais procuradas pelos clientes estão as que são feitas com vidro temperado moído (Grãos), as bolinhas de gude (Good) e o tijolo de vidro vaso (Melt). Esse último, inclusive, já ganhou um prêmio na feira Kraft Design, e é uma das peças mais difíceis de produzir. Isso porque três minutos a mais no forno podem comprometer o resultado final, fazendo com que a peça derreta totalmente e vire uma placa reta.
Márcia explica que a criação de uma nova coleção é um processo demorado, que envolve experiências e peças-testes, podendo levar de uma semana a meses. Mas quando a peça já está definida, ela pode ser produzida em torno de três dias, em média. Assim, o ateliê consegue produzir cerca de 20 a 30 peças por mês.