É raro e não deve acontecer, mas o vidro temperado pode quebrar; entenda o porquê.
A partir desta edição da revista Tecnologia & Vidro, iremos abordar alguns aspectos básicos dos diferentes tipos de vidro disponíveis no mercado. A ideia é difundir informações relevantes que possam contribuir para o dia a dia do profissional que trabalha com vidros em projetos ou instalações. Nesta edição, iremos falar do vidro temperado.
Nas últimas décadas, o vidro temperado vem ganhando grande espaço na construção civil, no design de interiores e na indústria moveleira. Os consumidores finais, em geral, já sabem que se trata de um vidro resistente. Isso acontece porque é um vidro que passou por tratamento térmico de têmpera, um processo de aquecimento gradativo até a temperatura máxima de 700 graus Celsius, seguida de um brusco resfriamento.
É este choque térmico que provoca no vidro tensões internas que lhe conferem uma resistência mecânica até cinco vezes maior que a do vidro comum, além da resistência a impactos e variações de temperatura – suporta diferenças de temperatura de até 200 graus Celsius.
Considerado um vidro de segurança, um temperado de 8 mm, por exemplo, chega a suportar o choque de uma esfera de 500 g em queda livre, a partir de uma altura de 2 m. Já um vidro comum, também de 8 mm, será quebrado se a mesma esfera for solta de uma altura de 0,3 m.
O diferencial do vidro temperado está também no fato de que, quando quebrado, seus estilhaços são pequenos e arredondados, reduzindo o risco de ferimentos graves do tipo provocado pelos vidros comuns, que se partem em pedaços grandes e pontiagudos.
Por que o vidro temperado quebra
Apesar de sua resistência superior, o vidro temperado precisa que se sigam cuidados, tanto na produção quanto na instalação. Acompanhe quatro motivos que podem provocar a quebra do vidro e aprenda como reduzir esse risco.
Quebra por dilatação de materiais
O vidro tem coeficiente de dilatação relativamente baixo, se comparado a outros materiais. A alvenaria e os caixilhos (madeira, ferro, metal, alumínio etc.) dilatam de formas diferentes entre si. Por isso, é importante deixar a folga necessária entre o vidro e a alvenaria ou caixilho. Caso contrário, pode ocorrer a quebra pela pressão de outros materiais sobre o vidro.
Quebra por contato com metal
O contato direto do vidro com a cabeça de um parafuso de metal ou outro tipo de suporte metálico pode ser causa de quebra. O contato desta peça com o vidro pode gerar pontos de tensão no momento da dilatação do metal. Além disso, o atrito deste material com o vidro pode arrancar microlascas do vidro. O indicado é usar calços, borrachas, silicones e arruelas plásticas que impeçam o contato direto do parafuso com o vidro.
Quebra por presença de sulfureto de níquel
Em raras situações, o vidro pode conter sulfureto de níquel. Daí, o aumento da temperatura faz esse componente se dilatar, provocando fissuras que podem quebrar o vidro. A solução única para esse problema é submeter após o processo de têmpera o vidro ao Heat Soak Test (HST). Neste caso, o vidro temperado é submetido a uma elevação de temperatura de até 290 graus Celsius e, gradativamente, resfriado. Os vidros que quebrarem contêm sulfureto de níquel; esse processo, entretanto, não é incluído na rotina das têmperas brasileiras. Trata-se de um procedimento adicional com custo extra. Também são poucas as unidades equipadas para realizá-lo. Tal teste é exigido em normas europeias. Por aqui o procedimento mais comum para aplicações em locais de grande circulação é a laminação do vidro temperado, aumentando suas propriedades de segurança e resistência.
Quebra de microlascas por atrito
A dica é para portas de abrir ou de correr, como boxes de banheiro, fechamentos de vãos ou vitrines. O ideal é que essas peças de vidro passem por manutenção periódica para a regulagem de roldanas e aperto de ferragens e dobradiças. É importante que não haja atritos do vidro temperado com o chão ou com a parede. Sucessivas pancadas nas bordas podem arrancar microlascas do vidro e fazê-lo com que se quebre