O setor da construção civil é apontado como um dos maiores responsáveis por emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) no mundo. Somente no Brasil, 139 milhões de toneladas de CO2 são emitidas anualmente pelo setor de construção e edificações. Felizmente, a conscientização sobre o problema ampliou-se no Brasil, que registrou aumento de 40% em construções residenciais verdes em 2023.
O Brasil já figura entre os 10 que mais certificam construções sustentáveis no mundo, fato que tem contribuído também para o consumo de vidros de controle solar, refletivos ou neutros. São diversos os motivos para esse crescimento, incluindo as seguintes vantagens econômicas:
– Valorização do aluguel. Em SP e RJ os aluguéis passam de R$98,41 por m² com projetos AAA (certificação brasileira administrada pelo CBRE), para R$136,54 por m² com projetos LEED (certificação internacional administrada pelo GBCI);
– Economia de energia, ganhos climáticos e de saúde. Projetos LEED em SP e RJ economizam US$11,45 por m² com energia e ganham em média US$4,60 por m² em benefícios climáticos e de saúde. Considerando os três pontos juntos – energia, ganhos climáticos e de saúde – a economia é de US$16,05 por m²;
– Desconto no valor do IPTU em algumas cidades.
Impacto do setor construtivo
Em edição mais recente do relatório de Status Global para Edificações e Construção, publicado pelo Programa para o Meio Ambiente da ONU (PNUMA), publicado em março de 2024, o setor da construção civil foi apontado como o responsável por cerca de 21% das emissões globais de gases de efeito estufa.
Em 2022, os edifícios foram responsáveis por 34% da demanda global de energia e por 37% das emissões de CO2, relacionadas com a energia e processos, tornando-os um setor crítico para alcançar os nossos objetivos climáticos globais.
Especificamente no Brasil, segundo a Setec, Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do Governo Brasileiro, as emissões de gases de efeito estufa (GEE) do setor de construção e edificações correspondem a 6% das emissões nacionais, totalizando cerca de 139 milhões de toneladas de CO2 anualmente.
Por isso, a sustentabilidade no setor da construção civil é uma tendência crescente para contribuir para a mitigação das mudanças climáticas em todo o mundo. Na região brasileira, o nicho de construção verde está em expansão, com um aumento de 40% em construções residenciais verdes em 2023.
Escritórios, varejo, armazéns e distribuição e manufatura industrial também estão entre os tipos de edificações que mais possuem certificações de construção verde no país. No início de 2024, o Brasil já certificou 20 construções sustentáveis.
Através de design, construção e operações sustentáveis, os edifícios verdes reduzem as emissões de carbono, a utilização de energia e a produção de resíduos, conserva água, dá prioridade a materiais mais seguros, como é o caso dos vidros de controle solar, e reduz a nossa exposição a toxinas.
Selo LEED no Brasil
O LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) é o sistema de certificação de edifícios sustentáveis mais utilizado no mundo, criado pelo U.S. Green Building Council (USGBC), a principal autoridade em construção verde, e administrado pelo GBCI.
Essa ferramenta de certificação promove uma abordagem holística ao edifício, desde a concepção do projeto até a construção final e a manutenção, levando em consideração questões como seleção do local, eficiência hídrica e energética, seleção dos materiais, qualidade ambiental interna, estratégias inovadoras e questões de prioridade regional.
O Brasil tem estado consistentemente entre os 10 principais países que mais apresentam a certificação LEED e, em 2023, ficou em quinto lugar como o que mais obtém selos LEED por metro quadrado. O LEED tem sido adotado por algumas das principais empresas do Brasil e é utilizado como forma de apoiar metas de sustentabilidade corporativa.
Alguns exemplos incluem o grupo Madero (com mais de 100 lojas certificadas); os edifícios Oscar Freire Office, Birmann 11 & 12 e Tower Bridge Corporate, em São Paulo; o Centro Educacional Senac Serra, no Espírito Santo; e o Green Towers, em Brasília.
O país também tem adotado políticas que otimizam a eficiência de construções e regiões como bairros e cidades. O LEED é uma ferramenta que incentiva e qualifica uma construção como apta, por exemplo, ao desconto no IPTU proposto pelo projeto de política ambiental do IPTU Verde.
Segundo Sandrino Beltrane, Head de Desenvolvimento de Negócios do GBCI: “Encerramos 2023 com um recorde histórico de mais de 230 novos projetos LEED registrados nos mais variados tipos de edifícios e segmentos de mercado. Os ganhos econômicos, ambientais e sociais relacionados ao processo de certificação, além da maturidade do mercado, ajudam a explicar esse crescimento.
O ESG tornou-se um pilar estratégico dentro de organizações comprometidas com objetivos claros de sustentabilidade. Esse movimento impulsionou o mercado de certificações verdes, oferecendo transparência e avaliação independente de terceiros.
Um novo capítulo nesta jornada está sendo escrito com o lançamento da nova versão do LEED v5, trazendo mudanças significativas para que todos os projetos sejam alocados para atender metas globais e organizacionais dentro dos temas de descarbonização, qualidade de vida e conservação”.
LEED v5 e a descarbonização no setor da construção civil
O novo sistema v5 aborda fontes significativas de emissões de carbono em edifícios, tais como carbono operacional e incorporado. O LEED v5 visa liderar a descarbonização profunda do ambiente construído e impulsionar a transformação do mercado para alcançar as metas do Acordo de Paris. A descarbonização também é uma das três áreas de impacto nas quais o LEED v5 se concentra:
- Descarbonização: O LEED v5 ajuda a reduzir rapidamente as emissões de carbono em projetos, focando em diminuir as emissões durante a operação, incorporação e transporte de materiais. Ele se concentra em melhorar a eficiência energética, usar um design que economize energia, integrar-se à rede de forma eficaz e reduzir a quantidade máxima de energia exigida. Com requisitos claros, ele também educa as equipes sobre emissões para causar um impacto positivo.
- Qualidade de vida: O LEED v5 foca em melhorar a saúde e o bem-estar das pessoas, priorizando também a resiliência, a equidade, a inclusão e a saúde da comunidade, tanto para quem trabalha ou vive nos prédios quanto para as comunidades ao redor. As equipes de projeto do LEED v5 avaliam a resiliência climática, o impacto social e as necessidades dos ocupantes para integrar abordagens impactantes de maneira mais eficaz.
- Conservação e restauração ecológica: O LEED v5 olha para como os sistemas naturais se conectam com os ambientes construídos pelos seres humanos, buscando reduzir o impacto negativo na natureza e promover a recuperação e preservação da diversidade biológica. Ele traz estratégias para proteger habitats naturais, áreas verdes, diminuir a poluição luminosa e evitar acidentes com aves.
Sobre Green Business Certification Inc. (GBCI)
O Green Business Certification Inc. (GBCI) foi fundado em janeiro de 2008, com o apoio do U.S. Green Building Council (USGBC), para fornecer verificação independente das credenciais profissionais e certificação de projetos sob o sistema de classificação de edifícios sustentáveis do Leadership in Energy and Environmental Design (LEED).