Originalidade

Ao ser reaproveitada para um segundo programa de emissora católica, versatilidade de cortina de vidro se confirma

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Uma fala que se devem acrescentar mais heras – um tipo de trepadeira – nos vãos do vidro. A outra imagina que quando tudo estiver pronto, o local irá parecer uma varanda. As personagens da conversa são uma artista plástica e uma freira, respectivamente. O assunto é o cenário do programa de entrevistas Espaço Vida, da emissora Rede Vida que deve ganhar nova roupagem no início do segundo semestre. Entre os destaques, duas peças de vidro de oito milímetros, medindo 2,20 m x 2,35 m, cada uma.
Presente há um ano nos estúdios da produtora paulista da TV católica, o trabalho de Cleide Amecucci parece se reciclar e ganhar vida com um tira e bota de flores e folhas nas estruturas reticuladas que compõem a obra.

Feita sob medida para outro programa da Rede Vida, o Viver e Conviver, a peça adquiriu contornos, curvas e volume próprios da harmonia de sons. A artista descreve da seguinte forma seu processo criativo: “Demorei um mês para fazer essa peça. Eu pensei assim: as notas musicais têm uma melodia, uma fluência, um movimento. Então, veja, esta peça é repleta de movimento”.

O trabalho de que tanto Cleide se orgulha e garante ser pouco executado no Brasil é uma treliça de vidro, produzida inteiramente de forma manual. Com vidros comprados de distribuidoras, chamados por ela de virgem (que não sofreram estresse da chuva ou do sol), a designer recortou cada tira que se sobrepõe no painel que serve de cortina no cenário da TV.

A montagem da peça foi feita dentro do forno para evitar que a combinação de tiras entrelaçadas se alterasse no transporte; a técnica é a fusing. Quando vista com cuidado, se percebe algumas texturas diferentes nas barras. Isso ocorre graças ao caulim usado para acomodar o vidro no forno, um pó branco. A madeira que compõe o trabalho de vidro é elemento que agrega valor enquanto também oferece suporte e segurança, tornando a cortina de treliça menos vulnerável.

Responsável da Paulinas Produções TV, a Irmã Carmem Pulga se diz encantada com as imagens que assistia na tela do vídeo. “Mesmo incolor, o vidro podia aparecer totalmente colorido, por causa do jogo de refletores azul e vermelho. Era um efeito espetacular, e por ser um trabalho tão único iremos continuar com ele”, fala a Irmã.

Cansada de ver trabalhos de vidro “engessados pela mecânica sempre igual de peças que se podem ver em todos os lugares, como os tijolos de vidro” – que também têm seu valor! – Cleide tem se dedicado há dez anos a investir no fabrico de exemplares únicos desse material. A designer explica que o Brasil não explora todas as potencialidades que o vidro pode oferecer quando o assunto é obra-de-arte e reclama da monotonia que existe em soluções para divisórias de ambientes, camuflagem de lavabos, paredes de restaurantes e áreas com escadas. “Usa-se sempre o mesmo material, quando se poderiam produzir peças exclusivas ao gosto do cliente”, argumenta. “Com opções de fazer objetos em estilo geométrico ou orgânico, e ainda imprimir na obra desenhos ou figuras significativas para o dono” acrescenta.

Se a elaboração de obras em vidro com traços exclusivos é um nicho a ser explorado, Cleide passa o segredo: tudo é discutível! “O cliente pode ter seu desenho preferido, o arquiteto pode criar algo, porém, a gente trabalha em cima do que foi discutido”, explica a artista.

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