Sucesso dos Vidros Temperados

vidro temperado

Consumo de aproximadamente mil toneladas por dia representa dois quilos para cada brasileiro por ano

Recentemente, a revista Tecnologia & Vidro divulgou que o Brasil está chegando ao número de 350 fornos horizontais instalados. É muita capacidade de temperar vidros. Se calcularmos uma produção modesta de 5 mil metros quadrados de vidros temperados por mês para cada têmpera, chegaremos ao número de 1,75 milhões de metros quadrados mensais. Isso, sem contar com as dezenas de fornos verticais que ainda estão em operação em diversas partes do Brasil e podem fazer esse número chegar, facilmente, a 2 milhões de metros quadrados por mês.

Com esse número é fácil de se trabalhar. Se, hipoteticamente, todos os vidros temperados fossem da espessura de 6 mm, o peso do vidro seria de 30 mil toneladas por mês, ou mil toneladas por dia, ou ainda, 365 mil toneladas por ano.

Dividindo-se essas 365 mil toneladas por ano pela população brasileira temos o consumo anual de 1,90 a 2 quilos por habitante.Com base nesses dados, é fácil observar que o sucesso dos temperados entre os brasileiros favoreceu o aumento do consumo de vidros, no geral, também. Fato registrado na última década, quando o consumo médio de vidros por habitante passou de menos de cinco quilos, para sete quilos.

Por sua versatilidade o vidro temperado permitiu ao vidraceiro ocupar espaços maiores dentro das construções. O vidro substituiu esquadrias inteiras e paredes, com menor custo e com instalação rápida e limpa. De quebra, ainda aumentou a luminosidade e proporcionou maior requinte aos ambientes.

Nesta edição, publicamos em anexo um mapa com alguns dos principais temperadores brasileiros e, para completar, relembramos abaixo as características e um pouco de história desse vidro que é sucesso nacional.

O QUE É
Os vidros temperados passam por um tratamento térmico gradativo, que chega até 700°C, e a seguir sofrem um brusco resfriamento. Essa mudança de temperatura provoca tensões internas de tração e compressão, no vidro, dando ao material uma resistência cinco vezes maior do que a do vidro comum.

IMG_5027Testes apontam que o aumento da resistência permite ao vidro temperado de 8 mm suportar o choque de uma esfera de aço de 500 g em queda livre, a partir de uma altura de 2 metros. Enquanto que essa mesma esfera quebraria um vidro comum de 8 mm, em uma queda livre de apenas 0,3 m. Além disso, a resistência a variações térmicas pode chegar a 200°C.
Outra característica do temperado é que ele é o único tipo de vidro que pode ser utilizado em peça única, sem caixilhos, para a produção de portas.

E finalmente, mas não menos importante, o vidro temperado é considerado um vidro de segurança, pois em caso de quebra, ele se fragmenta em pequenos pedaços com bordas pouco cortantes, minimizando os riscos de ferimentos mais graves.

FORNOS DE TÊMPERA
O processo de têmpera é feito em forno vertical ou horizontal. Os fornos verticais foram os primeiros a serem usados no setor vidreiro, sendo capazes de temperar de 70 a 100m² de vidro incolor de 10mm, em um turno de 8h de trabalho. Eles foram introduzidos no mercado pelas empresas Santa Marina – atual Saint Gobain Glass – e a Santa Lúcia Cristais Blindex – Plkington-Blindex –, que foram as pioneiras em vidros temperados no Brasil.

Santa Marina chegou ao Brasil, em 1937, e a Santa Lúcia, em 1951. Elas permaneceram sozinhas, no país, até a década de 80, quando começaram a surgir os primeiros fornos de têmperas independentes.

O primeiro forno vertical foi comercializado apenas em 1987, pela Makivetro. Já os fornos horizontais, que permitem a produção de grandes chapas e pequenas espessuras, e conseguem temperar de 250 a 350m² de vidro incolor de 10mm, em um turno de 8h de trabalho, chegaram ao Brasil, em 1994.

Além da alta produtividade, outra característica importante desses fornos é que eles não deixam marcas das pinças nos vidros. Em contrapartida à lentidão do setor vidreiro, durante as décadas de 30 a 70, os anos 80 e 90 foram marcados por uma rápida expansão da seção de temperados, no Brasil, quando, já no final dos anos 90, a produção e o consumo de temperados era de 400 mil metros quadrados por ano.

Durante esse período, o aumento do número de fornos de têmperas, no país, ficou evidente, chegando aos atuais 350 fornos horizontais e mais de 100 verticais. Calcula-se que o país consome mais de 50% de todo o vidro temperado da América Latina, e exporta menos de 1% de sua produção.

EVOLUÇÃO DOS TEMPERADORES
Com o acirramento da concorrência os temperadores de vidros passaram a investir em equipamentos de ponta para se destacarem no mercado.

Atualmente existem fornos instalados no país com capacidade de temperar vidros de grandes dimensões, capazes de curvar e temperar ou de temperar vidros refletivos e Low-e. Este último atributo é o caso do recente forno adquirido pela mineira Bend Glass, que, além disso, tempera até as dimensões de 3,50 m x 4,40m, só para citar um exemplo.
Outros temperadores optaram por automatizar ou robotizar suas linhas de produção, caso das empresas Vidroline (SP), TTR (RJ) e Viminas (ES).

LAMINADOS DE TEMPERADOS E SERIGRAFADOS
A laminação de pelo menos dois vidros temperados resulta no chamado laminado de temperados. A partir dessa laminação, o vidro passa a ter:

  • A resistência mecânica dos temperados;
  • A possibilidade de fixação através de furos e recortes;
  • Inúmeras possibilidades de cores pela laminação com PVB, EVA ou resina coloridos;
  • O desempenho acústico dos vidros laminados;
  • E a propriedade de, quando danificado manter, o vão indevassável até a substituição dos vidros.

DSCF2472Tais vidros possuem diversas aplicações: como elemento de estrutura de uma fachada, respeitando as normas técnicas nacionais; em guarda-corpos; em pisos e degraus; em coberturas e clarabóias, e em visores de piscinas.

Outra variação do temperado é o serigrafado e o esmaltado, que adquirem cores diversas com resistência a riscos e à ação do tempo. No caso dos serigrafados, além de cores o vidro adquire estampas geométricas que valorizam a instalação. E o tempo de atendimento a esses pedidos está cada vez menor. A empresa paulista Pacaembu Vidros, por exemplo, atende aos pedidos de serigrafados em apenas cinco dias.

APLICAÇÕES DE TEMPERADOS
Os boxes foram os grandes responsáveis pelo consumo de vidros temperados no Brasil. A história dos boxes de vidros temperados começou, na metade da década de 60, com o estabelecimento das companhias Blindex e Santa Marina, em São Paulo.

Originalmente, os boxes eram produzidos em peças de 10mm de espessura e eram destinados somente ao público com alto poder aquisitivo. Mas já em meados de 80, começaram a aparecer as versões para vidros com 8mm de espessura. O boxe classic, da Blindex, foi o produto que inaugurou essa linha, tornando-se líder do mercado nacional por vários anos.
Durante esse período, a Tec-Vidro lançou seus kits para boxes de canto e frontal de alumínio, com preço acessível, e conquistou a preferência dos brasileiros. Hoje, os kits prontos são responsáveis por aproximadamente 90% das vendas dos boxes.

Atualmente os kits para instalação de sacadas, janelas e fechamento de vãos, na função de portas de correr, estão promovendo um grande aumento de demanda por vidros temperados. E avaliando a satisfação dos clientes, essa tendência deverá somente aumentar.

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