Utilização inteligente dos vidros (Parte 1) – Academias de Ginástica

 

Academias de ginástica de sucesso fazem uso dos vidros e espelhos de forma inteligente

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As academias de ginástica inauguram esta série de reportagens sobre o que é inteligente ou não na utilização de vidros e espelhos. Estes materiais se apresentam em diversos formatos e propriedades, e é muito comum pecar pelo excesso, falta, pela especificação errada no lugar certo ou pela especificação do produto certo no lugar errado.

Nesta primeira reportagem entrevistamos a arquiteta Patricia Totaro. A reportagem da revista Tecnologia & Vidro chegou a se surpreender com sua coerência na utilização do material. Para ela, que já desenvolveu mais de 200 projetos desse tipo, vidros e espelhos precisam ser utilizados com foco no objetivo de atrair, conquistar e ajudar a manter os clientes. Confira!

Atraindo clientes

Somente uma porcentagem das pessoas que entram em uma academia passa a frequentá-la regularmente. Atrair o maior número de pessoas para dentro do estabelecimento, portanto, é uma questão de sobrevivência do negócio. Nesse caso a fachada deve, por si somente, chamar a atenção de quem passa pela frente do local a ponto de atraí-lo para a mesa da recepção em busca de informações.

Estudos mostram que a melhor forma de atrair as pessoas é utilizar a fachada como uma vitrine, de forma que os transeuntes possam avaliar os equipamentos, as pessoas que frequentam e as instalações. Essa equação não é assim tão simples de se resolver porque a arquitetura precisa conciliar esse item com o conforto de quem frequenta regularmente o local. Eles devem desfrutar de temperatura e luminosidade adequada e contarem com certo grau de privacidade.

Patricia defende que não se deve utilizar nas fachadas de academias vidros espelhados, como os refletivos com alto índice de refletividade, mesmo sabendo do alto desempenho térmico que eles oferecem. O refletivo pode ser utilizado, mas deve-se pensar em um produto mais neutro, que permita a visibilidade de fora para dentro mesmo durante o dia. O estabelecimento também pode utilizar brises ou outro material, marquises, ou ainda fazer uso do sombreamento de árvores ou plantas do entorno.

A disposição dos equipamentos também ajuda nessa equação. As esteiras, por exemplo, que são desenvolvidas individualmente e representam o momento mais solitário do treino, devem ser posicionadas de lado para a fachada, de forma a permitir que os clientes tenham visão do exterior e do interior ao mesmo tempo. Esse posicionamento evita a luz ofuscante do sol e promove uma privacidade parcial contra olhares indiscretos dos pedestres.

 

Fechando contrato

Para que o aluno sinta-se sempre bem recebido, a recepção deve ficar totalmente em evidência na entrada. O cliente que visita a academia pela primeira vez não pode ter nenhuma dúvida para onde deve dirigir-se e deve ser recebido com um sorriso pela pessoa na recepção.

Assim que o aluno passa pela catraca, o ideal é que ele visualize vários ambientes ao mesmo tempo: tanto os espaços de exercícios e aulas como os espaços
de convivência.

Isso cria uma vontade instintiva de se integrar ao ambiente e o conscientiza de que irá encontrar tudo o
que procura ali, inclusive o conforto.

A circulação deve ser sempre ampla: para academias com até 500 alunos matriculados, os corredores mínimos são de 1,20 m de largura. Para academias com mil alunos, eles passam para 1,50 m. E para a saída das salas de ginástica, que são lugares que juntam muita gente, uma boa ideia é criar um hall na frente das salas.

Os fechamentos de vidros temperados transparentes com portas para a divisão de ambientes consomem pouco espaço, com a vantagem adicional de isolarem
parcialmente o som das salas com comandos de voz, como as de ginásticas ou bike indoor. Nos projetos de Patricia, entretanto, observa-se a adoção, quando possível, de muitas áreas abertas, sem qualquer divisória.

A arquiteta defende: “O cliente tem que estar emocionado para comprar. Isso vale para lojas, restaurante e também para a academia. Temos que entender quem é o nosso público-alvo: objetivamente temos que saber qual a sua idade, seu nível socioeconômico e cultural.

Mas neste entendimento entra também a parte subjetiva: quais as suas expectativas. As pessoas em geral querem participar de um grupo. Elas vão eleger a academia que as fazem sentir-se parte de determinado grupo. O aspecto visual da academia deve refletir o gosto deste grupo. Uma academia para público A deve ser diferente de uma para público C, da mesma forma que a academia de um bairro residencial é diferente de outra em bairro comercial. É importante destacar que o visual da academia não precisa ser bonito para o dono ou para o arquiteto – precisa estar alinhado com as aspirações do público-alvo”.

Por fim, nas visitas monitoradas de futuros clientes, quando possível, recomenda-se que a sala de ginástica seja vista de cima, para que o visitante tenha uma visão de todo o movimento de uma vez com certo distanciamento. Nesse caso, os guarda-corpos de vidro são indicados. “A nova norma de guarda-corpos não permite mais travessas horizontais de qualquer material; e como as verticais são muito feias, só resta o vidro”, comenta Patricia.

Vidros para manter os clientes

Algumas aspirações de quem procura uma academia são universais. O proprietário deve estar ciente de que a academia deve ser capaz de competir com as atividades de recreação e lazer que seus futuros clientes poderiam desfrutar nos horários de exercícios, incluindo barzinhos, cinemas, passeios no shopping e até mesmo a poltrona de sua casa diante da TV.

O proprietário de uma academia deve saber que manter um cliente é mais fácil que conquistar um novo; portanto, é seu papel criar ambientes e situações que _web_Ventura-8garantam que seus clientes façam amigos e não se sintam excluídos ou fora de contexto. A arquitetura da academia deve propiciar os espaços adequados para as pessoas se encontrarem, conversarem e tornarem-se amigas. Estes espaços podem ser desde um simples sofá no centro da musculação até uma lanchonete, salas de estar ou salões de jogos. Mesmo as menores academias podem e devem ter este espaço.

Também nesse sentido, especial atenção deve ser dada ao novo aluno, que geralmente ainda está fora de forma e tentando se integrar. Pensando nestes é que Patricia defende que os espelhos devam ser utilizados somente nas áreas em que ele é recomendado para alinhamento de postura nos exercícios. “Um erro comum é de que não existem limites para utilização de espelhos, e muitas academias espalham estes por todos os cantos”, descreve. A arquiteta complementa: “Muitos iniciantes não estão tão confortáveis ainda com suas formas físicas. Os homens geralmente se sentem fracos e as mulheres gordas, diferentemente dos professores e alunos antigos. Esses iniciantes tendem a ficar mais tempo nas academias quando não são constantemente expostos à sua forma”

Reformas e cores

Uma característica de todas as academias é que elas precisam se renovar constantemente. A dificuldade é que dispõem de p_web_Ventura-1ouco tempo para isso geralmente nas festas de fim de ano. Grandes reformas com formação de entulho e excesso de pó devem ser evitadas.

Patricia dá a dica de que a utilização de cores pode renovar o aspecto desses locais sem os inconvenientes de grandes reformas e com custo reduzido. As cores podem ser trocadas com pintura e também com a adoção de painéis de vidros coloridos, em divisórias ou até mesmo com o revestimento de paredes. “Em revestimento de paredes ou até mesmo do balcão de recepção os vidros não precisam ser espessos e sua aplicação é rápida e limpa”, descreve a arquiteta, que defende também a utilização desse material em divisórias de chuveiros e vasos sanitários.

A cor dos ambientes influencia nossa percepção de espaço, humor e reações. Por isso, o uso das cores é um aliado muito forte em qualquer projeto, especialmente
em academias de ginástica.

Devemos ter em mente que sensação queremos que o visitante e o aluno tenham em cada ambiente para chegarmos ao resultado desejado.

As cores podem ser divididas em primárias (vermelho, amarelo e azul), secundárias (combinação das primárias) e cores terciárias (mistura das primárias). O branco é a mistura de todas as cores e o preto sua ausência. Se usamos cores primárias na pintura o ambiente fica atrativo para o cliente mais popular, e se usamos cores terciárias, com várias misturas, o ambiente tende a seduzir um público mais sofisticado.

Outra divisão, elaborada pelo psicólogo alemão Wilhelm Wundt, é a de cores quentes e frias. As quentes são estimulantes e dinâmicas, lembram alegria e movimento. Já as frias são calmantes tranquilizantes, sugerem suavidade e estática. Enquanto as cores quentes (como o vermelho e o laranja) aproximam-
-se visualmente do observador, tornando o ambiente menor, as frias (como o verde e o azul) distanciam-se, tornando o ambiente maior.

Algumas sensações são relacionadas às cores:

AMARELO: lembra luz, ação e poder. Quando a pessoa fica sob influência desta cor, tem uma sensação de inteligência e prosperidade. É alegre, porque lembra o sol, ajudando a trazer bom humor. É uma cor que deve ser usada com moderação, em detalhes ou em uma parede, por exemplo, na entrada da academia, como um
“bom-dia”. Deve-se evitar seu uso em superfícies muito grandes, pois é muito luminosa e pode incomodar.

VERMELHO: é a cor da vitalidade, da energia e da paixão. Chega a aumentar a pressão arterial de quem se submete a ela. Deve ser usada com moderação, sempre em pouca extensão ou lugares de passagem, como corredores e paredes laterais de escada. Como é muito estimulante, é uma boa cor para ser usada como indicador de caminho, induzindo o usuário a um lugar. Não deve ser usada em frente a uma parede de ergometria ou uma sala de bike indoor, atividades que exigem esforço
cardiovascular elevado. Os objetos pintados de vermelho parecem mais perto do que estão na realidade.

LARANJA: tem a luminosidade do amarelo com a excitação do vermelho. Transmite entusiasmo. Pode ser usada em ambientes como musculação e salas de ginástica para sinalizar movimento, mas, da mesma forma que o vermelho, nunca em uma parede que o aluno fique olhando por muito tempo.

AZUL: é a luz fria que mais chega perto da neutralidade, então é largamente utilizada. Pode ser usada em superfícies amplas. Se usada sozinha em um ambiente, pode entristecê-lo, portanto deve sempre ser combinada com cores alegres. Passa a sensação de harmonia e simboliza a fidelidade.

VIOLETA: simboliza a sabedoria e a energia positiva, sendo uma ótima sugestão para área de vendas.

VERDE: é a cor do equilíbrio. Tem o poder de acalmar e estabilizar as emoções. Não pode ser usada em um ambiente que deve induzir ao movimento, especialmente nos tons mais claros, pois provocará sonolência.

BRANCO: é a cor da paz. É associada também à distinção, leveza e prestígio. Um ambiente “clean” é necessariamente branco, mas cuidado na academia: excesso de branco pode tornar o ambiente sem graça, a menos que se usem muitos materiais nobres junto: como aço inox, vidros e madeira. Como o branco reflete quase que a totalidade da luz que incide nele, amplia o ambiente.

PRETO: é a cor que menos reflete a luz, diminuindo visualmente o ambiente onde está aplicado. Porém, é uma cor que indica distinção – então, alguns toques de preto, em detalhes ou objetos, podem ser usados em ambientes que precisem parecer mais sóbrios.

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Além da cor, precisamos pensar nas suas outras características. Uma delas é a tonalidade, que vem das cores que estão misturadas: por exemplo, existe o verde-claro que é suave e calmante; e o verde-limão, que já possui mais amarelo na composição e assim
perde sua suavidade.

Em arquitetura comercial, ambientes pintados de várias cores podem confundir o observador. Um padrão interessante para academias é usar um tom neutro (como branco, cinza ou creme), escolher uma cor fria para algumas paredes e colocar alegria com um tom quente em detalhes ou paredes que não sejam
vistas por um longo período.

Lembre-se que a cor muda de acordo com a iluminação e também pelas outras cores que estão a seu lado, portanto ela não pode ser escolhida ao acaso, mas sim pensada globalmente, com _web_Ventura-3os pisos, iluminação, cor dos equipamentos e demais interferências.

Dependendo do padrão que se quer estabelecer para a academia, pode-se usar a combinação de cores de forma monocromática, tom sobre tom da mesma cor, que passa a sensação de sobriedade e sofisticação, ou trabalhar com contrastes: usando um tom neutro como base, uma cor fria em várias paredes e uma cor quente contrastante em alguns detalhes. Neste caso, a sensação tende a ser de maior alegria.

A cor deve ser usada também para destacar ou esconder objetos. Uma parede com muitas interferências visuais – como conduítes, canos e quadros de luz – fica mais organizada visualmente se tudo for pintado da mesma cor, inclusive os detalhes indesejáveis. Por outro lado, se existe um objeto que deve ser destacado, como um relógio, utilize pintura com contraste ao redor que o destaque.

Para mais informações:
patriciatotaro.com.br

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