
Em algumas aplicações específicas, vidros pintados são a solução ideal.
O vidro serigrafado é mais resistente que o pintado a frio, tanto na resistência mecânica quanto na resistência à abrasão. Isso é um fato consumado. Portanto, seria possível presumir que não existe mais espaço no mercado para os vidros pintados?
A reportagem de T&V descobriu que existem aplicações e situações em que o vidro pintado é mais versátil, econômico ou até mesmo mais eficiente. E acompanhou um desses casos desde o seu início. Acompanhe.
A empresa fabricante de persianas de alto padrão Uniflex projetou a montagem de um exclusivo e diferenciado display iluminado internamente. Ele precisaria ser de vidro preto com a inscrição da logomarca da empresa vazando.
Procurou então na cidade de São Paulo uma fornecedora de vidros serigrafados e a Sobravis, que produz vidros pintados. Com a previsão de se montar dezenas de displays, solicitaram a cada possível fornecedor a produção de uma amostra para testes.
A dificuldade para os produtores de serigrafados começou nesse momento, pois para se produzir um vidro serigrafado com estampa diferente das padronizadas é preciso desenvolver um fotolito e uma tela serigráfica especial. Isso exige tempo e tem custo alto de produção. A maioria das produtoras de vidros serigrafados, inclusive, não produz tal amostra.
Quando as amostras ficaram prontas, outro problema para os serigrafados: o processo serigráfico utilizado na pintura dos vidros pretos não vedava totalmente a luz projetada por trás. Era possível ver pequenos pontos luminosos ou manchas sobre a superfície preta. Para pesar ainda mais em favor dos vidros pintados, o custo era inferior.
Como resultado, a encomenda dos vidros recaiu sobre os pintados, cuja produção a reportagem da revista T&V acompanhou na sede da Sobravis, com explicações do diretor Thiago Trombini.
Para o início do trabalho a própria Uniflex fornece para a Sobravis adesivos produzidos por computador e plotter de recorte.
A primeira ação de Thiago e/ou sua equipe é encontrar o centro do adesivo e marcá-lo com um traço vertical sobre o liner transparente do adesivo com caneta para retroprojetor.
Em um pedaço de papel Kraft, e com a ajuda de uma régua, é desenhado um gabarito para posicionamento no centro do vidro.
O vidro é posicionado sobre o gabarito.
É feita a limpeza do vidro com álcool isopropílico.
O adesivo é colado no centro do vidro com a ajuda das marcações feitas anteriormente.
Com uma ferramenta apropriada de plástico, eliminam-se as bolhas que podem se formar durante a colagem.
O liner transparente é retirado. Fica colado no vidro apenas o adesivo de plástico colorido aderente.
O vidro é levado para a cabine de pintura
Limpa-se o vidro novamente com álcool isopropílico.
Na cabine os pigmentos da tinta especial são misturados aos demais componentes e mexidos.
A tinta é aplicada no compressor de pintura.
A tinta é aplicada sobre o vidro e sobre o adesivo.
São aplicadas três ou quatro camadas em intervalos regulares.
Após a secagem da tinta, em algumas horas, o adesivo é retirado.
Para essa operação é necessário a ajuda de um estilete e alguma habilidade.
O logotipo da empresa fica em destaque quando o vidro é posicionado contra a luz.
O resultado final tem agradado por enquanto os diretores da Uniflex.
Thiago Trombini ainda produziu peças totalmente pretas, que iriam compor o restante do display. Ele garante que a resistência da tinta à abrasão é bem próxima à dos vidros serigrafados.
Utilizando a mesma técnica, porém com algumas mudanças, é possível se obter outros resultados inovadores. Ao assessorar a designer de interiores Ana Paula Faria em seu projeto para a Casa Cor 2009, por exemplo, Thiago recomendou a utilização de adesivos de recorte na cor prata com aplicação de tinta branca no vidro. Ao final, em vez de retirá-los, deixou eles nas peças como objetos de destaque. A experiência resultou na produção de curiosas peças de vidros brancos com desenhos prateados que intrigou aos visitantes.