Normas brasileiras sobre portas corta-fogo ainda impedem que o vidro resistente ao fogo seja adotado definitivamente no Brasil
Ainda não “pegaram” no Brasil por motivos diversos. Custo e adequação às normas nacionais foram dois deles. A ideia em si agrada bastante: imagine saídas de emergência dotadas de portas transparentes e decorativas. Além do aspecto visual evitariam-se muitos acidentes no momento de abertura, que atualmente são provocados por não se enxergar outra pessoa no lado oposto.
O Corpo de Bombeiros estabelece níveis de resistência ao fogo em 30, 60, 90 ou 120 minutos, dependendo do tipo de edifício e da utilização de cada espaço interno. Em outros países que adotam esses mesmos parâmetros, para as exigências mais baixas (até 60 minutos) é adotado o vidro temperado e testado previamente, o vidro aramado e outro semelhante ao aramado, porém um pouco mais espesso e com superfície externa lisa.
Já para as exigências de resistência por mais tempo utiliza-se o vidro resistente ao fogo, também chamado de corta-chamas, antifogo ou corta-fogo.
Trata-se de vidros laminados compostos por várias lâminas intercaladas com material químico transparente e rígido. Esse material interno tem a capacidade especial de se dilatar e tornar-se opaco em caso de incêndio. Ou seja, no momento em que o vidro recebe calor procedente do fogo e a temperatura eleva-se, o processo de intumescência é ativado, criando uma barreira opaca ao fogo.
Existem vários modelos de vidros corta-fogo no mundo e o desempenho do produto resistente ao fogo depende de muitos detalhes técnicos envolvendo a instalação e o tipo de vidro a ser utilizado. Ou seja, se o vidro tiver de resistir a sessenta minutos de incêndio, o caixilhodeverá seguir a mesma regra de resistência. Isso significa que o comportamento dos diferentes materiais deve ser conhecido e projetado para que o sistema funcione de acordo com o esperado. Todo projeto necessita de um sistema completo resistente ao fogo pelo tempo necessário de acordo com a legislação vigente em cada país.
Alguns fabricantes garantem a vantagem de estanqueidade às chamas, gases e fumaças e a capacidade de não se fundirem.
Os especificadores devem estar atentos se existe a necessidade da utilização de um vidro que impede a propagação do fogo, mas deixa o calor passar para outro ambiente ou um corta-fogo (barra tanto a chama como o calor). Ou seja, o vidro é para chamas quando resiste, sem deformações significativas, o tempo para que foi classificado (estabilidade mecânica) e, também, é estanque às chamas e aos gases quentes (estanqueidade). O corta-fogo atende à estabilidade mecânica e à estanqueidade e, ainda, impede a auto inflamação da face não exposta ao fogo ou dos objetos mais próximos (isolamento térmico).
Geralmente os vidros com maior resistência às chamas são proporcionalmente mais espessos.
Sempre que se desejar compartimentar um ambiente, ou seja, mantê-lo isolado do incêndio, permitindo a evacuação segura do edifício, sem perda da visibilidade ou do apelo estético, o antifogo deve ser utilizado. Em áreas como rotas de fuga, caixa de escada, compartimentação nas fachadas entre andares e compartimentação horizontal de laje, o antifogo também pode ser bem empregado. Pode ser aplicado em divisórias, fachadas e coberturas que necessitam de integridade garantida pelo tempo especificado durante um incêndio. A empresa alemã Schott é fabricante dos antifogos Pyran e Pyranova e tem utilizado o material em obras inéditas, como o das fotos, em um museu aeronáutico norte-americano e no isolamento interno de um moderno edifício alemão.