Exigências para com o produto é bem menor na comparação, mas instalador precisa ficar atento.
As novas exigências para fechamento de sacadas ainda são desconhecidas pelo mercado. Prova disso é que recebemos diversas cartas de leitores da Revista Tecnologia & Vidro solicitando informações sobre esse tema e as publicamos na seção de cartas desta edição. Todas possuem alguma referência à norma técnica da ABNT- NBR 16259 (versão corrigida 2014)— Sistemas de envidraçamento de sacadas — Requisitos e métodos de ensaio, que regulamenta esse tipo de instalação.
Aos que consideraram a nova norma de varandas e sacadas muito branda, é preciso esclarecer que tal produto não se enquadra na categoria fachada. Segundo Fabíola Rago, consultora da Associação de Fabricantes de Esquadrias de Alumínio (Afeal) e diretora do Instituto Beltrame de Qualidade, Pesquisa e Certificação (Ibelq), não se pode comparar um sistema de fechamento de sacadas com os sistemas de esquadria para fachadas por diversos motivos, sendo o principal a não exigência de ensaios de estanquidade.
NÍVEL DE EXIGÊNCIAS
Fabricantes de fechamentos de varandas defenderam a tese durante a criação da norma própria do produto, segundo Fabíola, de que não seria necessário a realização de testes de estanquidade para o produto. O argumento é que o sistema não precisaria ser totalmente estanque, pois seria apenas complementar à fachada original.
Para Fabíola, o produto foi concebido e anunciado dessa forma pelos próprios fabricantes, portanto, essa característica de não ser totalmente estanque deve ser transmitida aos instaladores e usuários. Ou seja, o produto não pode ser apresentado como um substituto das esquadrias em pé de igualdade, pois não apresenta o mesmo desempenho nesse quesito e, provavelmente, não seria aprovado em um teste de estanquidade.
Para o diretor da Alclean, Sergio Koloszuk, apesar da norma não exigir a estanquidade, ela é possível desde que sejam seguidos alguns cuidados básicos na instalação. Leia o boxe ao final desta matéria intitulado Estanquidade possível.
EXIGÊNCIA DE ART
Outra questão que tem sido ignorada é que, segundo a nova norma, o fechamento de sacadas em edifício precisa de uma Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) emitida por engenheiro responsável.
Tal exigência tem embasamento legal na Lei Federal 6.496/77, que busca resguardar o cliente, com relação à responsabilização da qualidade técnica dos serviços prestados. Essa, entretanto, não é uma exclusividade do fechamento de sacadas. Até mesmo a troca de pisos e azulejos em edifícios necessita de ART, segundo normas da ABNT.
No caso, segundo Fabíola, o risco de se instalar fechamento de varandas e sacadas com vidros é o surgimento de trincas nos andares inferiores, uma vez que elas não são projetadas para resistirem ao peso extra dos vidros. Existe a teoria de que a sobreposição de vários vidros nas bordas de tais varandas em edifícios poderia acumular peso extra nas sacadas e varandas inferiores. Teoricamente a supervisão de um engenheiro evitaria essa avaria. Consequentemente, a exigência da ART se justifica.
REBITES E PARAFUSOS DE AÇO INOX
Para passar no teste de corrosão, com ensaios que simulam a ação do tempo sobre os componentes, alguns fabricantes de parafusos e rebites de aço defendem que somente com a utilização de seus produtos seria possível se obter aprovação. Podem estar certos, porém, a norma não especifica que tipo de material deva ser utilizado, somente determina o desempenho que o conjunto deve apresentar nas mais severas condições, inclusive com a ação de ambientes com alto índice de salinidade. Como se tratam de itens que não interferem significativamente no custo final do produto, a recomendação geral do mercado é de que sejam adotados por precaução.
TAMANHO E ESPESSURA DOS VIDROS
Por fim, a NBR 16259 não estipula tamanhos máximos e mínimos das chapas dos vidros nem suas espessuras. O que determina é que todo o conjunto (alumínio, roldanas, vidro e outros acessórios) seja submetido testes de corrosão, manuseio e pressão de vento, que incluem ensaios de carga de vento, ensaios de impacto e ensaios de manuseio específico. O resultado de tais ensaios é que avaliará se o conjunto comercializado está adequado ou precisa reforçar algum item. Pouquíssimas empresas, entretanto, submeteram seus kits a ensaios até o momento.
Fechamento de sacadas em edifícios precisa de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) emitida por profissional registrado
Estanquidade possível
Segundo Sergio Koloszuk, diretor da fabricante Alclean, embora a estanquidade dos fechamentos não seja exigida pela nova norma, ela é possível. Basta que sejam seguidas algumas regras básicas na montagem e instalação. “Quando esse produto surgiu, ninguém acreditava que a vedação de água fosse possível, pois como não existe alumínio na junção entre os vidros, havia a crença de que sob ventos fortes a água da chuva passaria entre eles. Mas isso não acontece”, defende Sergio.
Segundo o empresário existem duas situações que podemgerar esse transtorno: quando ocorre infiltração entre os perfis e aalvenaria e quando ocorre passagem de água entre os vidros.
Infiltração perfis/alvenaria
Para evitar a infiltração pela alvenaria, o instalador deve vedar os parafusos. Para isso, basta injetar silicone nos furos, colocar as buchas, injetar silicone dentro das buchas e parafusar. Ao final, cobrir a cabeça do parafuso com silicone.
Deve também vedar as junções de alumínios montados em curva e também as paredes nas laterais da instalação.
Como é quase uma regra brasileira os pisos das instalações estarem fora de nível, as paredes devem ser muito bem vedadas, pois se a água se acumular em contato com o reboque, irá infiltrar. A Alclean desenvolveu uma peça para auxiliar nessa impermeabilização, o Acabamento em L”, explica Sergio.
Por fim, é preciso utilizar um selante apropriado. A Alclean recomenda para esses casos a utilização do Pesilox Fix Tudo, produzido pela Adespec. Este não sofre contração e, por isso, não abre passagem para a água com o passar do tempo.
Passagem entre os vidros
Já a passagem de água entre os vidros ocorre porque o instalador não fez a regulagem da pressão entre os vidros.
Se ficaram apertados a água não vai passar, mas as escovas de vedação estragarão rapidamente e ficará difícil de abrir e fechar o conjunto.
Se ficaram folgados é fácil notar, pois haverá passagem de luz entre os vidros, e se a luz passa, a água também passará. Para arrumar, deve-se utilizar o Tarucel, que deve ser cortado no tamanho certo e colado dentro do perfil que recebe os vidros deslizantes. Se os 22 mm de altura do perfil não forem suficientes, faça a complementação da regulagem alterando o ponto de giro do vidro pivotante, utilizando os 12 mm disponíveis.
As normas técnicas da ABNT podem ser compradas pelo site:
www.abnt.org.br
